Neste artigo, procuro analisar três aspectos que funcionarão como ferramenta
para pensarmos a emergência da infância. Em um primeiro momento, refiro-me a algumas
experiências-limite da vida, na medida em que elas ajudam a arranhar as visões que
naturalizam a vida e a infância, em especial aquelas forjadas no interior do campo
médico. Na sequência, tento demonstrar que a ideia de infância não pode ser pensada no
exterior das instituições que lhe são associadas, como a casa e a escola. Por fim, procuro
chamar atenção para o fato de que a institucionalização geral da infância se encontra
profundamente acoplada a projetos de governo da população, inclusive da “população
infantilâ€, projeto este que, por sua vez, se vê ancorado em saberes oriundos da demografia,
da higiene pública e do urbanismo, por exemplo.
In this article, I try to look at three aspects which will serve as a tool to
ponder over the emergence of childhood. At first, I refer to some limit of life
experiences, in a way that they help scrape the visions that naturalize life and childhood,
in particular those forged within the medical field. Next, I try to demonstrate that the
idea of childhood cannot be disconnected from associated institutions, such as home
and school. Finally, I try to draw the attention to the fact that the children's general
institutionalization is deeply bound to government projects aimed at the population,
including the so-called "child population", a project which, in turn, is anchored on the
knowledge of demography, public hygiene and urbanism, for instance.