Vilém Flusser propõe uma filosofia especulativa, uma filosofia que sugere exercitar o pensamento sobre possíveis realidades criadas por meio de obras fic-cionais.3 É a prática de se conceber possibilidades outras que não sejam aquelas com as quais já nos familiarizamos. Podemos, assim, realizar exercícios criativos que nos levam a projeções tanto para o passado quanto para o futuro, tencionando experiências que nos são habituais, geradas pelo que vemos e vivemos até aqui, revirando aquilo que nos é confortável através de provocadores incômodos.Ao ler os artigos submetidos para esta edição, compilada a partir de uma chamada pública com a temática visualidade, passamos a, brevemente, olhar o que já existe no cenário tradicional de nossas pesquisas acadêmicas. A este olhar decidimos adicionar o já conhecido estranhamento tão difundido pelos antro-pólogos (e filósofos especulativos), nos exigindo uma reflexão teórica e, por que não, também especulativa que pudesse nos oportunizar experiências outras.