Boris Schnaiderman é um dos grandes intelectuais brasileiros. Graças a ele, pudemos começar a fruir a literatura russa a partir do original. Boris tem um perfil, que já foi regra no Brasil e hoje é exceção: junta a prática acadêmica com o exercício do jornalismo literário, o culto aos clássicos com o interesse pelos novos escritores. Em suas várias décadas de dedicação à cultura brasileira, Boris produziu uma obra crítica e de divulgação ímpar que tornou o português uma das línguas em que melhor se podem ler alguns dos grandes textos da imensa literatura em língua russa. Sua obra inclui desde um original relato autobiográfico (Guerra em surdina), como ensaios sobre autores russos e brasileiros: entre estes últimos destaca-se o interesse permanente de Boris por escritores como Machado de Assis, Valêncio Xavier (que ele ajudou a tornar conhecido) e Rubem Fonseca (cujos Contos completos prefaciou). Como tradutor, atividade que nele está associada à docência e à produção incessante de artigos e livros, combina trabalho em equipe (com os poetas Augusto e Haroldo de Campos, com Nelson Ascher) e trabalha de forma independente. Nas suas traduções sempre se caracterizou pela autonomia e pelo extremo cuidado com que trata o texto. Autores tão diferentes como Gorki e Tchekhov merecem em cada reedição das traduções, um reexame detalhado e importantes melhoramentos. Paralelamente a seu trabalho pessoal, Boris preocupou-se pela implantação e consolidação do estudos russos no Brasil, tanto dentro como fora da Universidade.