A Escrita na Construção da Identidade: uma prática em EJA

Educação: Teoria e Prática

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ISSN: 19818106
Editor Chefe: Maria Rosa Rodrigues Martins de Camargo e João Pedro Pezzato
Início Publicação: 31/07/1993
Periodicidade: Quadrimestral
Área de Estudo: Educação

A Escrita na Construção da Identidade: uma prática em EJA

Ano: 2009 | Volume: 19 | Número: 33
Autores: Roseana Costa Leite, Ana Paula Rossi
Autor Correspondente: Roseana Costa Leite | [email protected]

Palavras-chave: Educação de jovens e adultos. Pesquisa. Docência. Auto-estima.

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

O trabalho aborda o desenvolvimento de um Projeto de Educação de Jovens e Adultos
de uma instituição acadêmica, num bairro periférico do município de Araraquara. A partir
das observações realizadas pelos educadores, o fato de que o processo de ensinoaprendizagem
desencadeia, além do progressivo domínio do código escrito e do
processo lógico, alterações na vida cotidiana dos alunos e na construção de sua autoestima,
considerou-se a necessidade de rever os critérios adotados na avaliação da
educação de jovens e adultos, tendo em vista que os dados centrados no processo de
escolarização, strictu sensu, parecem desconsiderar outros processos importantes.
Percebeu-se ainda que os próprios graduandos, na posição de educadores,
experimentam o questionamento acerca de sua própria formação, concepções e
aspirações, pois o contato com uma determinada realidade, que exige esforços de
análise e ação, também produz efeitos em sua vida acadêmica e pessoal. Neste sentido,
formulou-se a proposta de desenvolver os conteúdos escolares do ensino fundamental,
a partir da escritura autobiográfica dos educandos/educadores participantes. Neste
trabalho buscou-se detectar e integrar elementos, presentes no processo ensinoaprendizagem,
de reconhecimento de si, da realidade histórica vivida e da invenção de
si, numa perspectiva de mudança desta realidade. Para a fundamentação da pesquisa
partimos do estudo sobre o conceito de ressentimento social, tal como formulado em
Maria Rita Kehl (2004), para caracterizar o aspecto da baixa auto-estima e desmobilização
política existente entre os educandos participantes, cujas condições, econômica e social,
impõem determinantes na qualidade e dignidade de vida dos mesmos. A concepção de
educação que norteia toda a investigação encontra-se em Paulo Freire, que sinteticamente
denominamos educação para a emancipação e para a liberdade. Também para a
fundamentação da abordagem pedagógica utilizamos os conceitos de memória e
sociedade enunciados por Ecléa Bosi (1994). O mote será o trabalho com o código
escrito literário, estímulo para o avivamento da memória que recupera a leitura pessoal
e social e permite a re-construção das relações com os saberes escolares e do imaginário
social. A escrita auto-biográfica, denotada pela atividade literária e epilinguística, tornase
a base para a exploração dos conteúdos das várias áreas do conhecimento, seja
histórica, geográfica, lógica matemática, ciências físicas e biológicas.