"Eu sou Muzenza": o terreiro de umbanda como contexto de aprendizagem na prática

Paidéia

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ISSN: 1676-9627 (impressa); 2316-9605 (on-line)
Editor Chefe: Profa. Maysa Gomes
Início Publicação: 01/01/2002
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: Educação

"Eu sou Muzenza": o terreiro de umbanda como contexto de aprendizagem na prática

Ano: 2010 | Volume: 7 | Número: 8
Autores: Renata Silva Bergo
Autor Correspondente: Renata Silva Bergo | [email protected]

Palavras-chave: aprendizagem, umbanda, comunidade de prática

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Neste artigo, discuto algumas das questões que vêm sendo abordadas na pesquisa de doutorado em andamento sobre processos de aprendizagem na e da umbanda. O trabalho de campo iniciou-se de acordo com outra proposta de investigação, sobre as oficinas de tambor, e deslocou-se posteriormente para a pesquisa em um terreiro de umbanda localizado na periferia de Belo Horizonte. No contexto estudado, chama atenção a presença significativa de crianças que tomam parte da prática religiosa como participantes ativos. O modo como participam e interagem nas sessões, festas e outros rituais umbandistas evidenciam a existência de diferentes formas de compreender os processos de aprendizagem, ao lado de uma atenção específica à condição infantil. A investigação visa problematizar a aprendizagem para além da dicotomia formal/informal, focalizando práticas culturais que são aprendidas independentemente de estruturações pedagógicas. Partindo do entendimento de que aprender é um aspecto inerente a toda prática social, busca-se, na proposta teórica de Jean Lave e Etienne Wenger (1991), a mudança de foco sugerida pelos autores: passar do indivíduo como aprendiz para aprendizagem como participação no mundo social.

Resumo Inglês:

In this article, I discuss some of the questions being addressed in an ongoing doctoral research on the learning processes at and from Umbanda. The field work begun according to another research proposal on drum workshops, and later shifted to research in an Umbanda backyard in the outskirts of Belo Horizonte. The studied context draws attention to the significant presence of children taking part in the religious practice as active participants. The way in which they interact and participate in sessions, festivals, and other umbanda rituals reveals the different ways of understanding the learning processes, along with specific attention to the childhood condition. The research intends to discuss the learning beyond the formal/informal dichotomy, focusing on cultural practices that are learned regardless of teaching structure. Starting with the understanding that learning is an inherent aspect to every social practice, we look at the theoretical proposal of Jean Lave and Etienne Wenger (1991), and the shift of focus suggested by the authors: going from the individual as learner to learning as participation in the social world.

Resumo Francês:

L’article discute des questions développées dans le contexte d’une recherche de doctorat encore en cours et qui considèrent les processus d’apprentissage dans et de l’umbanda. La recherche sur le terrain a commencé selon le modèle d’une autre recherche (sur les tambours) et s’est déplacée ultérieurement vers une recherche qui a lieu dans un “terreiro de umbanda” situé dans la banlieue de Belo Horizonte. L’étude met en relief la présence massive des enfants dans les “terreiros”: ils sont partis prenants des pratiques religieuses qui s’y déroulent. La façon qu’ont les enfants d’interagir et de participer aux séances, aux fêtes et aux autres rituels “umbandistes” témoigne de l’existence des nombreux aspects liés au processus d’apprentissage et met au jour l’attention qui leur est accordée dans ces lieux. La recherche essaie alors de débattre la problématique de l’apprentissage au-delà de la dichotomie “formel/ informel”, en focalisant des pratiques culturelles qui sont appréhendées indépendamment des structurations pédagogiques. En considérant que l’apprentissage constitue un aspect inhérent à toute pratique sociale, on privilégie dans les travaux théoriques de Jean Lave et Étienne Wenger (1991), le changement de point de vue que ces auteurs proposent: aller de l’individu en tant qu’apprenti à l’apprentissage en tant que participation sociale.