Na perspectiva das políticas de inclusão, a partir da década de 1990, os surdos teriam direito à educação bilíngue, ou seja, teriam acesso à sua primeira língua, ou língua natural, que é a Língua Brasileira de Sinais (Libras-L1) e, posteriormente, em Língua Portuguesa que seria sua segunda língua (L2). Diante dessa diretriz político-pedagógica, a presente pesquisa buscou identificar quais as competências pertinentes à formação do professor bilíngue (PB) para surdos através de pesquisa de campo realizada com professores que atuam na educação de surdos no município de Itajaí-SC. Com base em seus depoimentos, busca-se traçar o perfil do profissional bilíngue, à luz da literatura corrente. Segundo as professoras entrevistadas, não há investimento suficiente para que os profissionais construam as competências necessárias para o exercício de uma educação bilíngue condizente com os apelos da comunidade surda e das diretrizes oficiais. Para se identificar um professor com competência em educação bilíngue para surdos parte-se da premissa de que este privilegia as peculiaridades que se configuram em sua cultura visual na intermediação dos conhecimentos e em detrimento da reabilitação da fala e de habilidades fonológicas para a apropriação da escrita. Por outro lado, destaca-se a necessária incorporação do conhecimento da história, cultura e identidades surdas, respeitando essas peculiaridades e baseando-se nelas para construir sua prática.
Within the perspective of policies of inclusion, since the 1990s, deaf people have had the right to bilingual education, i.e., the right of access to their first language, or natural language, which is Brazilian Sign Language (Libras-L1) and later to Portuguese Language, their second language (L2). Based on this political and pedagogical guideline, this research sought to identify the competencies required to train bilingual teachers (BT) for deaf students, using field research carried out with teachers who work with the education of the deaf in the town of Itajaí, state of Santa Catarina. Based on their testimonies, we outlined the profile of the bilingual teacher referring to the current literature, with emphasis on the works of Perrenoud (1997, 1999, 2000, and 2005), Skliar (2009 and 2010), and Fernandes (2002, 2006, 2009, and 2010). According to the teachers interviewed, the investments are not sufficient for professionals to build the competencies required to offer a bilingual education that meets the demands of the deaf community and the official guidelines. Identifying a teacher with competency in bilingual education for deaf students should be based on the premise that he or she favors the peculiarities that form his/her visual culture during the exchange of knowledge over the rehabilitation of speech and phonological skills for learning writing. On the other hand, the need to integrate knowledge on history, culture, and identity of the deaf into the classroom is emphasized, respecting these peculiarities and using them to build the praxis.