FUTURO PRETÉRITO DA PRISÃO E A RAZÃO CÍNICA DO GRANDE ENCARCERAMENTO: TRÊS MOMENTOS DE EMERGÊNCIA DE DISCURSOS, EXPECTATIVAS E EXPERIÊNCIAS ACUMULADAS EM TORNO DO CONCEITO DE PRISÃO

Revista Brasileira de Ciências Criminais

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ISSN: 14155400
Editor Chefe: Dr. André Nicolitt
Início Publicação: 30/11/1992
Periodicidade: Mensal
Área de Estudo: Ciências Humanas, Área de Estudo: Ciências Sociais Aplicadas, Área de Estudo: Direito, Área de Estudo: Multidisciplinar, Área de Estudo: Multidisciplinar

FUTURO PRETÉRITO DA PRISÃO E A RAZÃO CÍNICA DO GRANDE ENCARCERAMENTO: TRÊS MOMENTOS DE EMERGÊNCIA DE DISCURSOS, EXPECTATIVAS E EXPERIÊNCIAS ACUMULADAS EM TORNO DO CONCEITO DE PRISÃO

Ano: 2017 | Volume: 131 | Número: 131
Autores: Hugo Leonardo Rodrigues Santos
Autor Correspondente: SANTOS, Hugo Leonardo Rodrigues | [email protected]

Palavras-chave: História dos conceitos, Conceito de prisão, Presentismo, Razão cínica, Grande encarceramento

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Resumo: O artigo utiliza-se de categorias da história dos conceitos, de Reinhart Koselleck, para refletir sobre o conceito de prisão, com a finalidade de compreender como se chegou à atual razão cínica que justifica retoricamente o enorme crescimento da população prisional, mesmo conhecendo todos os fundados questionamentos sobre esse instrumento de controle social. Para isso, foram destacados três momentos temporais distintos do conceito de prisão, em uma análise histórica diacrônica. Inicialmente, estudou-se a razão moderna justificadora da pena de prisão, sobretudo, por meio da obra de Beccaria e Bentham. Nesse ponto, pretende-se demonstrar como o futuro da prisão foi projetado, nos discursos iluministas. Em seguida, verifica-se a emergência de discursos críticos da pena de prisão, a partir da década de 60. Almeja-se observar as decorrências do entrelaçamento da experiência de aplicação da pena de prisão com as expectativas que foram delineadas a partir dessas críticas. Ao final, explica-se a situação atual do campo criminal, a partir do regime de historicidade, denominado por François Hartog de presentismo, demonstrando-se que toda a experiência frustrada de séculos de práticas prisionais é ignorada, sendo que, ao mesmo tempo, abre-se mão de um horizonte de expectativas futuras, quanto ao problema da prisão. Desse modo, as práticas prisionais permanecem sendo utilizadas maciçamente, em um tempo presente temerário, justificado por uma razão cínica que é cega para o passado e o futuro.



Resumo Inglês:

Abstract: This paper uses some categories of conceptual history, by Reinhart Koselleck, to reflect on the prison concept, aiming to understand how was created the current cynical reason which retorically justifies the enormous growth of the prison population, even considering that the well-based questions about this instrument of social control are known. For this, three distinct moments of the concept of prison were highlighted, by means of a diachronic historical analysis. Initially, the modern reason for imprisonment was studied, about everything, through the work of Beccaria and Bentham. At this point, the intention is to demonstrate how the future of prison was designed, in the enlightenment speeches. Then, it demonstrates the emergence of critical speeches of prison’s punishment, after the 60’s decade. It observes the consequences of the intertwining of the experience of applying the prison punishment with the expectations that were defined from these criticisms. Finally, the current situation of the criminal field is explained, from the historicity regime, named by François Hartog of presentism, demonstrating that the entire frustrated experience of centuries of prison practices is ignored, and, at the same time, a horizon of future expectations, concerning the prison problem, is lift behind. Thus, prison practices still being used massively, at a present time that is justified by a cynical reason, which is blind for past and future.