Resumo Português:
Neste artigo, o objetivo foi analisar as apropriações sobre as relações de gênero e de sexualidade pelos diversos sujeitos, adultos e crianças, em uma instituição de Educação Infantil. Quais contornos a diferenciação por gênero assume em uma creche comunitária? é a pergunta sobre a qual me debruçarei. Esse foi um tema que apareceu de maneira breve em minha dissertação de mestrado e que pretendo aqui trabalhar de forma mais extensa. A metodologia de pesquisa escolhida foi a etnografia, sendo os dados construídos por do diário de campo, entrevistas com crianças e educadoras, fotografias (tiradas por mim, pelas crianças e pelas educadoras) e filmagens (realizadas por mim e pelas educadoras). O gênero é entendido aqui como um construto social. Assim, as diferentes formas de feminilidade e masculinidade são constantemente atualizadas e permeiam as interações sociais, tornandose parte constituinte da identidade dos sujeitos. Com base na análise de algumas situações do cotidiano da instituição e entrevistas com crianças entre 3 e 5 anos de idade, podemos considerar que as relações de gênero e a sexualidade são apropriadas pelos sujeitos (crianças e educadoras) de maneira ambígua, ora (re)produzindo um modelo ainda hegemônico socialmente, ora apontando para transgressões e resistências a esse modelo.
Resumo Inglês:
The purpose of this article is to analyze the perceptions on gender
relationships and sexuality-related links by the several subjects – adults
and children – in a Primary Education institution. What are the contours
taken by gender differentiation in a communitarian crèche? This is the
question I raise. This theme was briefly covered in my master degree
dissertation, and I intend to approach it in-depth herein. The research
methodology adopted was ethnography, and the data were collected by
means of field survey, interviews with children and educators,
photographs (taken by me, the children and the educators) and films
(made by me, the children and the educators). Gender is understood
herein as a social construct. Therefore, the various forms of femininity and
masculinity are constantly changing and permeate social interactions,
thus becoming integral part of the subjects’ identities. By analyzing some
everyday situations in the institution and based on interviews conducted
with children between 3 and 5 years old, we can assume that gender
relationships and sexuality are perceived by the subjects in an
ambiguous way, since sometimes a still socially hegemonic model is (re)
produced and in other times one can see transgressions and resistance
to such model.
Resumo Francês:
L’objectif de l’article est d’analyser l’assimilation des rapports de genre et
de la sexualité faite par les adultes et par les enfants d’un établissement
d’Education infantile. Quelles dimensions peuvent assumer la
différentiation des genres dans une crèche communautaire? Voilà la
question dont il s’agit ici. Ce sujet fut travaillé de façon abrégée lors
d’une recherche précédente (Mestrado), et on essaie de le développer
un peu plus dans le contexte de cet article. La méthodologie de travail
choisie fut basée principalement sur l’ethnographie, et les données furent
construites à partir des notes prises quotidiennement sur le terrain et les
entretiens faits avec les enfants et les éducatrices. On a également utilisé
des photographies – prises par l’auteur, par les enfants et par les
éducatrices – et des films réalisés par l’auteur et par les éducatrices.
Dans le contexte de la recherche, le genre fut appréhendé en tant que
construction sociale, et les différentes formes de féminité et de
masculinité apparaissent comme un rapport de renouvellement constant,
étant inhérent au processus de formation de l’identité des sujets. A partir
de l’analyse de certaines situations du quotidien de l’établissement, et
des entretiens faits avec des enfants âgés de 3 à 5 ans, on a pu
constater que les rapports de genre et la sexualité sont assimilés par les
sujets (enfants et éducatrices) de façon ambiguë, soit en reproduisant un
modèle encore hégémonique du point de vue social, soit en signalant
des transgressions et des résistances à ce modèle.