A despeito das inúmeras tentativas de contenção do poder punitivo, o direito penal passa por uma constante expansão. O fenômeno da hipercriminalização se apresenta como o outro lado da moeda do encarceramento em massa, recebendo muito menos atenção e despertando um menor interesse acadêmico. Contudo, seus efeitos são perceptÃveis e impossÃveis de serem ignorados. O direito penal máximo se intensifica justamente no seio da polÃtica da liberdade, evocando um aparente paradoxo entre Estado MÃnimo e intervenção penal máxima. O embrião do totalitarismo se apresenta como sintoma desta polÃtica criminal, valendo-se do discurso da liberdade para permitir e naturalizar a reclusão de parcela significativa da população, mascarada pelo constante fomento do mito da impunidade.