Este artigo versa sobre a participação masculina no cuidado infantil, entre homens de diversos setores socioeconômicos em Salvador (Bahia) Brasil, que têm laços consanguíneos ou de consideração com crianças pequenas. Dialoga criticamente com pesquisas acerca de paternidade e envolvimento paterno; inclui uma discussão teórica sobre gênero e cuidado e argumenta que é preciso ampliar a reflexão considerando a diversidade de realidades familiares e socioeconômicas. Foi realizado um estudo qualitativo, envolvendo a realização de entrevistas narrativas com cinco homens ‒ que têm vínculos e contatos cotidianos com crianças pequenas ‒ analisadas mediante a técnica de análise de conteúdo temática. Os resultados indicam que a participação masculina no cotidiano do cuidado infantil - incluindo o contato com serviços de saúde - se dá como “ajuda” e, predominantemente, em momentos em que inexistem outras pessoas para cuidar. Nas famílias que contam com uma trabalhadora doméstica a participação masculina no cuidado infantil tende a ser menor. Isso evidencia a reprodução de papéis de gênero convencionais e permanência da divisão sexual do trabalho. Em paralelo, os participantes têm um vínculo afetivo com a criança e participam no cuidado infantil como processo de construção social da pessoa.
This article focuses on the male particitation in child care, among men from different socioeconomic sectors, in Salvador, Bahia, Brazil, who have consanguineous or considerate ties with little children. It critically dialogues with research on paternity and paternal involvement; includes a theoretical discussion on gender and care and argues that it is necessary to expand the reflection considering the diversity of family and socioeconomic realities. A qualitative study was carried out, involving the conduct of narrative interviews with five men - who have daily relationships and contacts with little children - analyzed through the thematic content analysis technique. The results indicate that male participation in the daily care of children - including contact with health services - occurs as “help” and, predominantly, in times when there are no other people available to produce care. In families having a female domestic worker masculine participation in child care tends to be lower. This evidences the reproduction of conventional gender roles and permanence of the sexual division of labor. In parallel, the participants have an affective bond with the child and participate in child care as a process of social construction of the person.