O objetivo deste trabalho consiste em discutir, e comparar, abordagens recentes de alguns teóricos de tradução, e de tradutores, sobre dois conceitos ligados ao trabalho tradutório: a “fidelidade” entre o texto traduzido e o texto de partida e a “invisibilidade” à qual estaria sujeito - ou não - o tradutor. Apontarei para o fato de que, enquanto nos trabalhos teóricos de diferentes vertentes atuais as discussões acerca dos dois referidos conceitos se distanciam, claramente, de uma visão tradicional, isto é, essencialista, os comentários de alguns tradutores reconhecidos evidenciam uma visão já considerada ultrapassada por parte dos teóricos a esse respeito. Tentarei argumentar, baseando-me sobretudo em textos de Rosemary Arrojo e em observações dos próprios tradutores, que, ao defender uma visão tradicional/essencialista relativa à “fidelidade” e à “invisibilidade”, os tradutores trabalham contra seu próprio interesse declarado, ou seja, sair do “segundo plano” no qual se encontram no âmbito literário. Com tal argumentação, viso a propor um diálogo mais aprofundado entre a teoria e a prática, que, no meu entender, contribuiria para a valorização do trabalho tradutório.