A instituição da justiça em face das injustiças epistêmicas da violência sexual

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ISSN: 21798176
Editor Chefe: Cristina Tereza Gaulia
Início Publicação: 30/04/2003
Periodicidade: Anual
Área de Estudo: Ciências Sociais Aplicadas, Área de Estudo: Direito

A instituição da justiça em face das injustiças epistêmicas da violência sexual

Ano: 2025 | Volume: 23 | Número: Não se aplica
Autores: Miriam Jerade
Autor Correspondente: Miriam Jerade | [email protected]

Palavras-chave: injustiça epistémica, justiça epistémica, abuso sexual, Aquilina

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

O presente artigo questiona a possibilidade de a justiça, entendida como instituição, se transformar ao reconhecer como injustiças estruturais as injustiças epistémicas relacionadas com o abuso sexual. Para isso, analisarei a decisão da juíza Rosemary Aquilina de convidar mais de 150 sobreviventes de abuso sexual para prestar depoimento no julgamento de Larry Nassar. Defendo que este ato de ouvir e acompanhar as sobreviventes durante as audiências reconhece o valor de narrar a experiência do abuso sexual, mostra os danos da injustiça epistémica pelos preconceitos que interferem na credibilidade das vítimas e as estruturas de poder que silenciam os testemunhos. Em um segundo momento, analiso as audiências em que há uma participação coletiva das sobreviventes como um espaço de acompanhamento que as empodera enquanto sujeitos epistêmicos e agentes morais.



Resumo Inglês:

This article interrogates the possibility that justice, understood as an institution, can be transformed by recognizing epistemic injustices related to sexual abuse as structural injustices. To this end, I will analyze Judge Rosemary Aquilina's decision to invite more than 150 survivors of sexual abuse to testify in the Larry Nassar trial. I argue that this act of listening to and accompanying survivors during the hearings recognizes the value of narrating the experience of sexual abuse, and shows the harm of epistemic injustice due to biases that interfere with the credibility of victims and power structures that silence testimony. In a second moment, I analyze the hearings where there is a collective participation of survivors as a space of accompaniment that empowers them as epistemic subjects and moral agents.