Em junho de 2013, o país viveu um momento de efervescência, com diversos protestos ocorrendo nas mais variadas cidades e levando milhões de cidadãos às ruas em um episódio que, sem dúvidas, é o maior evento político no país desde a redemocratização. Dentre as várias pautas – difusas – que foram apresentadas, uma das que mais se destacavam era a da saúde, presente em vários cartazes levados pelos manifestantes ao longo dos protestos. Essa pauta era reflexo dos vários problemas que a saúde no Brasil enfrentava (e enfrenta), e esse tema foi um dos primeiros a ser tratado pelo governo federal ao propor ações na tentativa de responder aos anseios das ruas. Como tentativa de responder a essa questão, o governo propôs o Programa Mais Médicos.
Desde o momento em que foi proposto, o programa é alvo de várias discussões públicas, as quais muitas vezes se tornaram acaloradas e entusiasmadas e não permitiram um espaço para um debate sério sobre o Sistema Único de Saúde (SUS) e a Atenção Básica.
O presente texto visa, tomando como linha de partida a discussão levantada pelo Mais Médicos, debater a função do Estado enquanto provedor do SUS, bem como suas relações com as demandas por uma saúde pública de qualidade e em consonância com a estrutura e as políticas econômicas governamentais.