Iracéma, de Lebesgue, e o “programa de barbarização estranhante da linguagem” de Alencar.

Cadernos de Tradução

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ISSN: 21757968
Editor Chefe: Andréia Guerini
Início Publicação: 31/08/1996
Periodicidade: Quadrimestral
Área de Estudo: Linguística, Letras e Artes, Área de Estudo: Letras

Iracéma, de Lebesgue, e o “programa de barbarização estranhante da linguagem” de Alencar.

Ano: 2005 | Volume: 1 | Número: 15
Autores: Ofir Bergemann de Aguiar
Autor Correspondente: Ofir Bergemann de Aguiar | [email protected]

Palavras-chave: Literatura Traduzida, Iracema, José de Alencar, Linguagem Primitiva.

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Iracema, de José de Alencar (1829-1877), foi publicada em 1865 num ambiente em que o sentimento nativista estava em voga, contribuindo significativamente para nossa autonomia cultural, em razão da nova forma de expressão apresentada, que representava uma reação contra o portuguesismo literário. Percebendo o esgotamento do poema épico de molde camoniano, Alencar, aproveitando a sonoridade vocálica do tupi, compôs seu poema em prosa recheado de indianismos, procedendo ao que Haroldo de Campos denominou um “programa de barbarização estranhante da linguagem”. O autor adotou sem parcimônia o style indien, empregando epítetos, comparações com elementos da natureza, períodos destacados, estrangeirismos, e promoveu desvios às normas gramaticais. Este trabalho tem por objetivo observar a primeira tradução francesa dessa obra, realizada em 1907, por Philéas Lebesgue (1869-1958). Busca-se averiguar se o texto francês apresenta os traços mencionados. 



Resumo Inglês:

Iracema, by José de Alencar (1829-1877), was published in 1865, when a nativity sentiment was in vogue. It contributed to Brazilian cultural autonomy, because of its new form of expression that represented a reaction against Portuguese literature. Alencar, conscious of the exhaustion of Camoëns epic poem model, used the vowel sounds of Tupi idiom to create his poetic prose full of Indian loan words. He adopted the Indian style with epithets, comparisons with nature, parataxis, and deviated from some grammatical rules. This article has the purpose to analyse Philéas Lebesgue’s French translation of Iracema, made in 1907, in order to observe the characteristics mentioned above.