Este trabalho tem como objetivo analisar de que maneira os livros didáticos voltados para o Ensino Médio abordam as questões de variação linguística, verificando se, ao tratarem da temática, a concepção de língua como prática social é subjacente à abordagem do livro didático. Para tanto, este artigo está organizado em três seções: na primeira, é apresentado um levantamento bibliográfico a fim de sistematizar o conceito de língua como prática social a partir de repertório teórico produzido na égide da Linguística Aplicada; na segunda, é descrita a coleta de dados para constituição do corpus, que se trata de três livros didáticos adotados em escolas públicas do interior do Paraná do PNLD 2015-2017, com foco para as unidades didáticas que tratam de Variação Linguística; por fim, na terceira, é exposto o exercício analítico, articulando os conceitos discutidos na fundamentação teórica e o corpus de análise. Em termos de resultados, foi constatado que o conceito de língua subjacente nesses manuais didáticos reitera a ideologia da padronização, entendendo as variedades linguísticas como “desvios de um padrão”. Espera-se que este estudo contribua como uma interlocução pedagógica que traga à tona reflexão a respeito da compreensão e legitimação de língua como prática social na sala de aula e o papel da escola no ensino de línguas.