Este texto procura pensar a relação do futebol com a educação do corpo em Portugal na primeira metade do século XX. O seu interesse maior é o de refletir sobre o modo como uma modalidade não ensinada no interior das instituições do Estado, ao contrário de outras práticas desportivas, construiu circuitos e espaços particulares da educação do corpo, assentes em saberes transmitidos por experiência prática depois debatidos em artigos de jornal e noutras publicações. Esta clandestinidade do futebol contribui durante décadas para que o jogo não fosse considerado uma atividade com bases cientÃficas, mas apenas um jogo com uma interação relativamente pouco organizada. A recuperação das lógicas que presidiram à constituição do jogo como atividade especÃfica é fundamental para perceber como os seus fundamentos estéticos e cientÃficos se expandiram num contexto de lutas pelo seu significado.