Nesta dissertação apresento uma investigação acer-ca dos marcadores culturais em produções editoriais de surdos, considerando obras que circulam em português escrito destinadas ao público juvenil e adulto. Vinculada aos Estudos Culturais em Educação, discuto o problema de pesquisa: como as produções culturais surdas, que circulam em português escrito no mercado editorial brasileiro, possibilitam a construção de marcadores culturais? Assim, objetivo: (a) mapear e investigar as produções culturais de surdos publicadas em portu-guês escrito; (b) discutir marcadores culturais surdos, considerando posições identitárias, de comunidades e de usos das línguas; (c) problematizar a constituição de representações surdas que circulam nas obras analisa-das. Após a leitura de dez livros produzidos por surdos, a narrativa da experiência de si e a identidade surda como uma diferença sobressaem-se como marcas cul-turais das produções editoriais surdas. A produção da identidade/diferença surda se dá principalmente pela experiência do olhar, pelo uso das línguas de sinais, tra-dução cultural através da escrita em línguas orais e pela participação em comunidades e lutas, que marcam a(s) cultura(s) surda(s). Além disso, essa produção identitá-ria se processa mediante representações que circulam nas obras, inclusive constituindo outros marcadores culturais das publicações: a denúncia do silêncio e de estereótipos e, diante disso, a capacidade de superação e o sucesso dos sujeitos surdos. A produção da iden-tidade e da diferença surda é, por sua vez, consumida pelos sujeitos, orientando suas condutas pela regula-ção que se dá através da cultura. Observa-se, ainda, que as marcas que emergem das obras surdas analisadas aproximam-se das produções de outros sujeitos consi-derados culturalmente “diferentes”.