Durante nossa vida escolar, acadêmica e profissional, sempre ouvimos comentários, rumores e questionamentos acerca da matemática. Também percebemos estudantes e professores insatisfeitos com as formas, as relações e os métodos adotados nas escolas e nas universidades para administrar a referida disciplina. Sabemos da importância da matemática, sem jamais pensarmos na sua supressão. Desde há muito, as cobranças sempre ocorreram, objetivando compreendê-la como forma de modelagem da vida real, gerada da necessidade de sobrevivência do cotidiano com ligações intrínsecas ao trabalho. Isso então levou algumas correntes teóricas a questionar a validade da matemática escolar no cotidiano profissional. Este artigo relata nossa experiência vivida com alguns trabalhadores de uma indústria química em que, numa pesquisa de forma exploratória e de caráter qualitativo, fomos em busca de algumas respostas e confirmações das manifestações, pensamentos e procedimentos matemáticos como componentes de uma identidade de bem-estar profissional. Percebemos que, no momento em que o trabalhador se apropria das significações dos conceitos cotidianos em função das suas necessidades imediatas de sobrevivência e permanência no trabalho, ele desperta para necessidades superiores, como a ampliação dos conhecimentos para o crescimento profissional, pessoal e o reconhecimento. Esses novos objetivos são buscados por meio da escola e da universidade, que lhes dão o status da cientificidade.
During our school, academic and professional life, we always hear comments and questions concerning mathematics. Wealso notice students and teachers unsatisfied with the forms, relations and methods adopted in schools and universities to face this discipline. We know about the importance of mathematics, so we would never think about suppressing it. Since a long time ago, people have expected a lot from mathematics, seeking to understand it as a form of modelling for real life, generated from the need of survival in our daily lives, with intrinsic connections to our working activities. That situation has caused some groups of people with different theoretical conceptions to question about the validity of school mathematics in their daily professional lives. This article is about our experience with some workers of a chemical industry where we carried out a research in an exploratory and qualitative way. We conducted a search for some answers and confirmations to their manifestations, thoughts and mathematical procedures as components of a professional well-being identity. We noticed that, when a worker makes use of the significances of the daily concepts to fulfill his/her bare survival and work needs, he/she opens up his/her mind for superior needs, like improving his/her knowledge for professional and personal growth and recognition. These new objectives are sought by means of school and university, which give him/her the status of scientificity.