Este artigo propõe discutir algumas práticas cotidianas da infância em um grupo formado por imigrantes italianos usando principalmente as memórias dos descendentes de imigrantes. O grupo em estudo foi formado basicamente por famílias camponesas provenientes do norte da Itália que emigraram para o município de Campo Largo, no Paraná, no final do século XIX. Neste, a presença infantil era grande, e em muitos espaços as crianças se misturavam aos adultos. A escola não era o espaço exclusivo para as crianças e tampouco se constituía no único local de ensino e aprendizagem. A família, as associações mirins e a paróquia também eram importantes espaços de transmissão de saberes. Partimos do pressuposto de que, no grupo em estudo, a educação das gerações futuras tinha forte influência do discurso religioso que pregava a obediência, o respeito à hierarquia e resignação. Por outro lado, as memórias sobre a infância também possibilitam compreender a escola, a família e a comunidade como espaços carregados de sensibilidades, sentimentos e emoções.
This article proposes to discuss some daily practices of children in a group formed by Italian immigrants using mainly memories of descendants of those immigrants. The group studied was basically formed by peasant families from Northern Italy who emigrated to Campo Largo, Paraná, at the end of the 19th century. The children’s presence among them was significant, and in many spaces they mingled with adults. The school wasn’t the only space for children, neither was it the only place for teaching and learning. The family, children’s associations and the parish were also important spaces for the knowledge transmission. We assume that in the group studied the education of future generations was strongly influenced by a religious discourse that underlined obedience, respect for the hierarchy and resignation. On the other hand, the childhood memories also make it possible to understand the school, the family and the community as spaces full of sensitivities, feelings and emotions.