Microagressões raciais no ensino superior percepções e experiências de estudantes das ciências exatas na Universidade Federal de Alfenas

Educação Matemática Pesquisa

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ISSN: 19833156
Editor Chefe: Saddo Ag Almouloud
Início Publicação: 04/02/1999
Periodicidade: Quadrimestral
Área de Estudo: Matemática, Área de Estudo: Ciências Humanas, Área de Estudo: Educação, Área de Estudo: Multidisciplinar, Área de Estudo: Multidisciplinar

Microagressões raciais no ensino superior percepções e experiências de estudantes das ciências exatas na Universidade Federal de Alfenas

Ano: 2023 | Volume: 25 | Número: 4
Autores: R. A. Lopes, G. H. G da Silva
Autor Correspondente: R. A. Lopes | [email protected]

Palavras-chave: Microagressões, Racismo, Ciências Exatas, Educação Matemática

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Microagressões raciais manifestam-se em relações interpessoais como uma das consequências do racismo estrutural. Elas podem ser entendidas como formas veladas de insultos verbais, não verbais ou visuais, direcionadas a pessoas com base em sua raça, feitas de forma intencional ou não pelos agressores, mas que causam um impacto negativo na vida daqueles que as vivenciam. Na pesquisa em Educação Matemática, poucos trabalhos têm problematizado a forma como estudantes negros e negras de cursos da área das ciências exatas têm vivenciado práticas de microagressões raciais ao longo de sua trajetória acadêmica. Neste artigo, apresentamos os resultados de uma pesquisa em que buscamos preencher essa lacuna ao identificar as experiências de estudantes de cursos superiores da área de ciências exatas com microagressões raciais em seu percurso universitário. Participaram deste estudo estudantes matriculados em cursos superiores da área de ciências exatas da Universidade Federal de Alfenas (n=390) que responderam a um instrumento denominado Escala de Experiências Acadêmicas, Sociais e de Sobrevivência no âmbito das Exatas (EASS-Exatas). Os resultados indicam que estudantes com idade entre 20 e 30 anos identificam com maior clareza aspectos relacionados às microagressões raciais. Além disso, estudantes autodeclarados pretos e pretas são aqueles que vivenciam de forma mais intensa as microagressões raciais, inclusive com scores acima dos/das estudantes autodeclarados pardos(as), que também compõem o grupo de estudantes negros no Brasil. Isso evidencia que a cor da pele está diretamente relacionada às experiências com racismo e com microagressões raciais vivenciadas por estudantes destes cursos. Os resultados também evidenciam que, mesmo vencendo a barreira do acesso, estudantes cotistas negros e negras continuam enfrentando o desafio de sobreviver academicamente devido a violência estrutural que vivenciam durante sua trajetória acadêmica.



Resumo Inglês:

Racial microaggressions manifest themselves in interpersonal relationships as one of the consequences of structural racism. They can be understood as veiled forms of verbal, non-verbal or visual insults, directed at people based on their race, made intentionally or unintentionally by the aggressors, but which cause a negative impact on the lives of those who experience them. In research in Mathematics Education, few studies have problematized the way in which black students in courses in the exact sciences have experienced practices of racial microaggressions throughout their academic career. In this article, we present the results of a research in which we sought to fill this gap by identifying the experiences of students in higher education courses in the area of exact sciences with racial microaggressions during their university career. Students enrolled in higher education courses in the area of exact sciences at the Federal University of Alfenas (n=390) participated in this study and responded to an instrument called the Scale of Academic, Social and Survival Experiences within the Exact Sciences (EASS-Exatas). The results indicate that students aged between 20 and 30 identify aspects related to racial microaggressions more clearly. Furthermore, self-declared black students are those who experience racial microaggressions more intensely, including with scores above those of self-declared brown students, who also make up the group of black students in Brazil. This shows that skin color is directly related to experiences with racism and racial microaggressions experienced by students on these courses. The results also show that, even overcoming the access barrier, black quota students continue to face the challenge of surviving academically due to the structural violence they experience during their academic career.



Resumo Espanhol:

Las microagresiones raciales se manifiestan en las relaciones interpersonales como una de las consecuencias del racismo estructural. Pueden entenderse como formas veladas de insultos verbales, no verbales o visuales, dirigidos a personas en función de su raza, realizados intencionalmente o no por los agresores, pero que causan un impacto negativo en la vida de quienes los experimentan. En investigaciones en Educación Matemática, pocos estudios han problematizado la forma en que estudiantes negros de carreras de ciencias exactas han experimentado prácticas de microagresiones raciales a lo largo de su carrera académica. En este artículo presentamos los resultados de una investigación en la que buscamos llenar este vacío identificando las experiencias de estudiantes de carreras de educación superior en el área de ciencias exactas con microagresiones raciales durante su carrera universitaria. Estudiantes matriculados en carreras de educación superior en el área de ciencias exactas de la Universidad Federal de Alfenas (n=390) participaron de este estudio y respondieron a un instrumento denominado Escala de Experiencias Académicas, Sociales y de Supervivencia en Ciencias Exactas (EASS). -Exatas). Los resultados indican que los estudiantes de entre 20 y 30 años identifican con mayor claridad aspectos relacionados con las microagresiones raciales. Además, los estudiantes autoproclamados negros son los que experimentan microagresiones raciales con mayor intensidad, incluso con puntuaciones superiores a las de los estudiantes autoproclamados morenos, que también forman parte del grupo de estudiantes negros en Brasil. Esto muestra que el color de la piel está directamente relacionado con las experiencias de racismo y microagresiones raciales vividas por los estudiantes de estos cursos. Los resultados también muestran que, incluso superando la barrera de acceso, los estudiantes de cuota negra continúan enfrentando el desafío de sobrevivir académicamente debido a la violencia estructural que viven durante su carrera académica.



Resumo Francês:

Les microagressions raciales se manifestent dans les relations interpersonnelles comme l’une des conséquences du racisme structurel. Elles peuvent être comprises comme des formes voilées d'insultes verbales, non verbales ou visuelles, dirigées contre des personnes en fonction de leur race, faites intentionnellement ou non par les agresseurs, mais qui ont un impact négatif sur la vie de ceux qui les subissent. Dans la recherche en enseignement des mathématiques, peu d’études ont problématisé la manière dont les étudiants noirs inscrits dans des cours de sciences exactes ont vécu des pratiques de microagressions raciales tout au long de leur parcours universitaire. Dans cet article, nous présentons les résultats d'une recherche dans laquelle nous avons cherché à combler cette lacune en identifiant les expériences des étudiants des formations supérieures dans le domaine des sciences exactes avec des microagressions raciales au cours de leur parcours universitaire. Les étudiants inscrits aux cours d'enseignement supérieur dans le domaine des sciences exactes de l'Université fédérale d'Alfenas (n=390) ont participé à cette étude et ont répondu à un instrument appelé Échelle d'expériences académiques, sociales et de survie au sein des sciences exactes (EASS). -Exatas). Les résultats indiquent que les étudiants âgés de 20 à 30 ans identifient plus clairement les aspects liés aux microagressions raciales. En outre, les étudiants noirs autoproclamés sont ceux qui subissent le plus intensément les microagressions raciales, y compris avec des scores supérieurs à ceux des étudiants bruns autoproclamés, qui constituent également le groupe des étudiants noirs au Brésil. Cela montre que la couleur de la peau est directement liée aux expériences de racisme et de microagressions raciales vécues par les étudiants de ces cours. Les résultats montrent également que, même en surmontant les barrières d’accès, les étudiants noirs continuent de faire face au défi de survivre académiquement en raison de la violence structurelle qu’ils subissent au cours de leur carrière universitaire.