Quando falamos em mito, pensamos na origem das coisas; quando falamos em
cotidiano, pensamos na atualidade de que se revestem essas coisas. No entanto, para
entendermos, algumas vezes, expressões utilizadas pelo povo é preciso conhecer as
narrativas que nos contam a origem do mundo onde habitamos. Assim, modernamente,
podemos dizer que o mito sobrevive em calendários, na liturgia, em cerimônias oficiais,
preso aos rituais que comandam tais ocorrências, nas sociedades avançadas em que
o homem, curvado sob o peso do tecnicismo e da barbárie mecanicista, é subjugado
pelo progresso feroz que o encurrala e o faz desempenhar o papel de aprendiz de
feiticeiro. Assim, se ao mito, estão entrelaçadas as nossas falas atuais, deverá ele
estar presente, também, na escola e nos conteúdos trabalhados por ela para que
alunos e professores possam compreender e atualizar as relações estabelecidas, ao
longo do tempo, entre os fatos históricos e as narrativas que os relatam. Com esse
objetivo foi desenvolvido junto à Secretaria de Educação de Rio Claro, na escola
“Sérgio Hernani Fittipaldiâ€, o Projeto “Narrar histórias, intercambiar experiênciasâ€,
financiado pelo Núcleo de Ensino da UNESP. Foram onze encontros, nos quais foram
apresentados aos professores do Ensino Fundamental a arte de contar histórias, forma
de conhecimento de quem somos e de como nos relacionamos com nossos
semelhantes e com o mundo à nossa volta. Ao enfocarmos o gênero ficção, demos
destaque, na literatura infantil aos mitos e suas transposições para a narrativa literária.
Dessa forma, a primeira parte deste artigo é constituÃda pelo enfoque ao campo
conceitual sobre o mito. A segunda parte ilustra as criações literárias que retomam os
mitos, como a obra infantil de Monteiro Lobato.