O objetivo do presente artigo é reconstruir a forma usual de relato acerca da transição moderna, considerando o Estado como magnum opus do projeto moderno. Tal reconstrução se dará em dois momentos. Primeiramente, analisar-se-á as diversas possibilidades semânticas que se associam ao principal símbolo do Estado – o Leviatã –, a partir da análise feita pelo publicista alemão Carl Schmitt em sua obra O Leviatã na Teoria do Estado de Thomas Hobbes, para, posteriormente, dada a escolha feita pelo filósofo de Malmesbury, compreender quais são as consequências dessa escolha, tanto no âmbito da história das ideias quanto para a relação entre Estado e sociedade, tendo como referencial a obra Crítica e Crise de Reinhart Koselleck. Ao final, seguindo o pensamento político de Claude Lefort, tentar-se-á demonstrar que o pensamento hobbesiano contem em si os pressupostos do regime democrático.