O Édipo de Foucault não é o de Freud

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ISSN: 1676-2592
Editor Chefe: Antonio Carlos Dias Junior
Início Publicação: 30/09/1999
Periodicidade: Anual
Área de Estudo: Educação

O Édipo de Foucault não é o de Freud

Ano: 2010 | Volume: 11 | Número: Suplemento
Autores: Marcelo Ricardo Pereira
Autor Correspondente: Marcelo Ricardo Pereira | [email protected]

Palavras-chave: sigmund freud, michel foucault, édipo, ciências humanas

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

O Édipo, como o homem que sabia demais, era por isso o
homem da ignorância. Foucault, diferente de Freud, estabelece
um Édipo historicizado no tempo da passagem da forma
jurídica do “regime de provas” à do “sistema de inquérito”,
culminando no que chamou de o “exame” – nome lacônico que
dá às ciências humanas. Porém, não há como mencionar a
tragédia sofocliana sem tocar na hermenêutica psicanalítica, e
sobre isso Foucault é implacável: a Psicanálise é um dispositivo
discursivo de poder, uma ciência disciplinar, contendora do
desejo. Mas a Psicanálise não deve ser emparelhada à
Psiquiatria, por exemplo. A “razão” freudiana reside justamente
numa tensão paradoxal entre dar voz à singularidade e, ao
mesmo tempo, reafirmar universais históricos da cultura. Édipo
não é uma nosografia, mas o que detém um “saber que não se
sabe”: o do inconsciente. Se ele é o homem do inconsciente em
Freud, em Foucault ele será o da ignorância. Nisso, ambos
confluem: o homem moderno para sempre está “dissolvido”.



Resumo Espanhol:

Edipo, como el hombre que sabía demasiado, era el hombre de
la ignorancia. Foucault, a diferencia de Freud, establece un
Edipo historizado en el tiempo de la pasaje de la forma jurídica
del "régimen de pruebas" al “sistema de averiguación", que
culmina en lo que él llamó la "examem" - nombre lacónico que
él da a las humanidades. Sin embargo, no se menciona la
tragedia de Sófocles, sin tocar en la hermenéutica del
psicoanálisis, y Foucault es implacable: el psicoanálisis es un
dispositivo discursivo del poder, una ciencia disciplinar,
contendiente del deseo. Pero el psicoanálisis no debería ser
emparejados a la psiquiatría, por ejemplo. La "razón"
freudiana reside en una tensión paradójica entre dar voz a la
singularidad y, al mismo tiempo, reafirmar los universales
históricos de la cultura. Edipo no es una nosografia, pero lo
que tiene un "saber que no se sabe": el inconsciente. Si él es el
hombre del inconsciente en Freud, en Foucault él será de la
ignorancia. En este sentido, ambos confluyen: el hombre
moderno para siempre está "disuelto".