O “papel transformador” de uma profissão: a economia moral dos epidemiologistas no Brasil (1970-2000)
Revista Nupem
O “papel transformador” de uma profissão: a economia moral dos epidemiologistas no Brasil (1970-2000)
Autor Correspondente: Frank Mezzomo | [email protected]
Palavras-chave: Epidemiologia, epidemiologista, economia moral, história da saúde, saúde coletiva
Resumos Cadastrados
Resumo Português:
Discute a história da Epidemio-logia e dos epidemiologistas no Brasil, principalmente entre 1970 e 2000. A partir da década de 1970, a especial-zação e a institucionalização da Epidemiologia como uma disciplina mobilizaram o surgimento da figura do epidemiologista, um profissional de saúde cuja atuação é pautada na concepção coletiva do processo saúde-doença. Argumento que a conformação da figura do epidemiologista envolveu a constituição de uma economia moral desses profissionais, pautada na crença do caráter transformador da disciplina, na articulação de métodos quantitativos e análises sociais, no engajamento na defesa da saúde pública, e na centra-lidade da desigualdade como tema. Essa constelação de valores morais, episte-mológicos, metodológicos e políticos, entretanto, foi experimentada de diferentes formas pelos epidemiologis-tas. Acompanho a emergência da figura do epidemiologista desde os anos 1970 até o início dos anos 2000, observando como os elementos que constituíram a economia moral foram discutidos e projetados por atores e instituições.
Resumo Inglês:
It discusses the history of Epidemiology and epidemiologists in Brazil, mainly between 1970 and 2000. Since the 1970s, the specialization and institutionalization of Epidemiology mobilized the emergence of epidemiologists, health professionals oriented by the concept of health as a collective process. The emergence of epidemiologists, I argue, involved the constitution of a moral economy for these professionals, based on the belief in the transformative character of the discipline, the articulation of quantitative methods and social analyses, the engagement in the defense of public health, and the centrality of inequality as a theme. However, epidemiologists experienced this constellation of moral, epistemological, methodological, and political values in different ways. I follow the emergence of the figure of the epidemiologist from the 1970s until the early 2000s, observing how the elements that constituted the moral economy were discussed and designed by actors and institutions.
Resumo Espanhol:
Discute la historia de la Epidemiología y los epidemiólogos en Brasil, principalmente entre 1970 y 2000. A partir de la década de 1970, la especialización e institucionalización de la Epidemiología como disciplina movilizó el surgimiento de la figura del epidemiólogo, un profesional de la salud cuyo rol se orienta en la concepción colectiva del proceso salud-enfermedad. Sostengo que la formación del epidemiólogo implicó la constitución de una economía moral para estos profesionales, basada en la creencia en el carácter transformador de la disciplina, en la articulación de métodos cuantitativos y análisis social, en el compromiso en la defensa de la salud pública y en la centralidad de la desigualdad como tema. Esta constelación de valores morales, epistemológicos, metodológicos y políticos, sin embargo, ha sido experimentada de diferentes formas por los epidemiólogos. Sigo el surgimiento de la figura del epidemiólogo desde la década de 1970 hasta principios de la de 2000, observando cómo los elementos que constituían la economía moral fueron discutidos y diseñados por actores e instituciones.