O presente artigo visa investigar quais seriam os efeitos do desvelamento do real em cena para o público espectador da dança moderna e contemporânea. Analisa, em consonância com a teoria psicanalítica, a obra Kontakthof (1978), da bailarina e coreógrafa alemã Pina Bausch, fundadora do Tanztheather Wuppertal, que revolucionou a dança contemporânea, ao trazer ao palco a subjetividade de cada bailarino, despertada através de um peculiar processo de criação. A obra, ao mobilizar afetos, permite estabelecer uma conexão direta com o sujeito espectador, suscitando sentimentos tais como choque e estranhamento (unheimlich.) - fenômenos de borda que podem ser entendidos como mostração da angústia, sinalizando esse último limite anterior ao real e ao campo do gozo.