Esta pesquisa estabelece aproximação teórico-metodológica com análise do discurso, desenvolvida por Michel Foucault e interlocutores, por meio do questionamento: qual estudante desejável está sendo constituído pelo discurso da Educação Matemática Crítica (EMC)? Utiliza como corpus discursivo de análise trabalhos que foram publicados em revistas da educação matemática (Bolema, Zetetiké e Revista Paranaense de Educação Matemática) e no Encontro Nacional de Educação Matemática (2010, 2013, 2016). A partir dessa materialidade, apresenta como resultado um enunciado que caracteriza um sujeito desejável: matemática para formar um cidadão-críticoconsciente-ativo que é responsável, agente de transformação social, engajado politicamente, que interpreta e age em situações estruturadas pela matemática e que é questionador dos usos de modelos matemáticos presentes na sociedade. Conclui que um sujeito desejável desse currículo não escapa de um exercício do poder, pois coloca em jogo um processo de subjetivação no contexto das pesquisas em educação matemática, produzindo efeitos de poder ao procurar conduzir a conduta das pessoas, abrindo, por meio das pesquisas investigadas, um campo de experiência para tal. Conclui, também, que, ainda que seja uma demanda específica de um currículo-EMC, esse enunciado pode estar se tornando uma demanda geral do campo da educação matemática, assumindo traço de um significante vazio.
This search establishes theoretical-methodological approach with discourse analysis, developed by Michel Foucault and interlocutors, through the questioning: what desirable student is being constituted by discourse of Critical Mathematical Education (CME)? It uses as a discursive corpus of analysis works that have been published in magazines of mathematical education (Bolema, Zetetiké and Revista Paranaense de Educação Matemática) and in the National Meeting of Mathematical Education (2010, 2013, 2016). From this materiality, it presents as a result a enunciation that characterizes a desirable subject: mathematics to form a citizen-critical-conscious-active who is responsible, a socially committed agent of transformation, who engages in politics and who interprets and acts in situations structured by mathematics and who is questioning the uses of mathematical models present in society. It concludes that a desirable subject of this curriculum does not escape an exercise of power, because it puts at stake a process of subjectivation in the context of researches in mathematical education, producing effects of power when trying to conduct the conduct of the people, opening, through investigations investigated , a field of expertise for this. It also concludes that, even though it is a specific demand for an CME curriculum, this enunciation has become a general demand in the field of mathematics education, assuming a trace of an empty signifier.