Este é um estudo qualitati-vo de caráter etnográfico sobre as políticas educacionais inclusivas para surdos, no tocante à presença do Intérprete de Língua de Sinais (ILS) no espaço de escolarização. Tratamos deste assunto por en-tendermos ser este profissional de fundamental importância para a educação de surdos, considerando também o momento histórico, em que teve reconhecida sua profissão, a partir de uma lei específica. As-sim, entendendo que cada vez mais se reveste de importância a atuação deste profissional, buscamos, por meio da presente pesquisa, ob-servar como ele está atuando nas escolas inclusivas e quais as conse-quências desta atuação na escola-rização dos surdos. A pesquisa foi realizada em cinco escolas estaduais da Paraíba, sendo duas do Ensino Fundamental II e três do Ensino Médio, que contavam com a pre-sença do ILS intermediando a co-municação nas salas de aula. Foram realizadas observações, durante três meses, da atuação de treze intér-pretes, por ser o mesmo, segundo Quadros (2004), o profissional res-ponsável pela interpretação de uma língua (língua fonte) para outra (língua alvo), neste caso específi-co do Português para a Língua de Sinais e vice-versa. Baseados nas recomendações legais existentes sobre esse profissional e sua atuação, pudemos constatar que, nas salas de aula das escolas pesquisadas, essa interpretação, em muitos momentos, não aconteceu como deveria. Apesar de existir a presença desse profissional há alguns anos nas escolas estaduais, muitas questões em torno de sua atuação precisam ser revistas e reavaliadas. Para os ILS atuantes nas escolas estaduais, ainda não houve capacitações suficientes e necessárias para embasar suas práticas, talvez por isso sua atuação se confunda com a dos professores, provocando um conflito de saberes e papéis peda-gógicos. Por meio de entrevistas feitas, notamos também que, dos ILS pesquisados, poucos conhecem aspectos históricos da educação dos surdos e não existe espaço para participarem do planejamento com os professores. No confronto entre o pronunciado e o executado, constatamos que algumas práticas observadas não correspondem aos depoimentos pronunciados sobre sua atuação e presença no ambiente escolar. Sendo assim, a realidade observada apontou para a necessidade urgente do estabelecimento de critérios para a contratação dos profissionais ILS que atuarão nas escolas e uma intervenção em termos de organização de cursos de formação para quem está atuando e quem pretende interpretar nos espaços educacionais.