O papel do método no ensino: da maiêutica socrática à terapia wittgensteiniana

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ISSN: 1676-2592
Editor Chefe: Antonio Carlos Dias Junior
Início Publicação: 30/09/1999
Periodicidade: Anual
Área de Estudo: Educação

O papel do método no ensino: da maiêutica socrática à terapia wittgensteiniana

Ano: 2010 | Volume: 12 | Número: 1
Autores: Cristiane Maria Cornelia Gottschalk
Autor Correspondente: Cristiane Maria Cornelia Gottschalk | [email protected]

Palavras-chave: método de ensino, maiêutica socrática, jogo de linguagem, wittgenstein

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Este texto tem como objetivo apontar para algumas das
confusões advindas da crença de professores na existência de
significados extralinguísticos a serem descobertos ou
construídos pelos alunos através da aplicação de um método.
Sob a inspiração das reflexões de Wittgenstein sobre a função
constitutiva da linguagem na construção dos sentidos, proponho
um outro olhar para o papel do método no processo de
aprendizagem: não como um procedimento que conduz o aluno
a verdades prévias, a exemplo da maiêutica socrática, presente
sob outros matizes nas atuais teorias de ensino e aprendizagem;
mas como meio de apresentação de nossas convenções
linguísticas. Esta mudança de perspectiva foi possível a partir
da crítica de Wittgenstein à exigência de exatidão conceitual (já
presente nos diálogos platônicos) como condição de construção
de um conhecimento legítimo, sugerindo em seu lugar uma
nova atitude filosófica, com implicações para o ensino escolar.
Sua reflexão sobre dois modos básicos de uso de nossas
expressões linguísticas (um normativo e outro descritivo)
pressupõe formas diferentes de transmissão dos conteúdos: ora
como instrução de regras, ora como uma atividade que envolve
justificação, questionamentos e experimentação empírica.



Resumo Inglês:

This text has the purpose of pointing out some of the confusions
originated in the belief of teachers, regarding the existence of
extralinguistic meanings to be discovered or constructed by the
students through the application of a method. Inspired by the
reflections of Wittgenstein about the constitutive function of
language in the construction of meanings, I propose another
view of the role of method in the process of learning: not as a
procedure that leads the student to previous truths; such as the
Socratic maieutics, present in some manner in our theories of
teaching and learning, but as a means of presentation of our
linguistic conventions. This change of perspective was possible
based on Wittgenstein’s criticism of the demand for conceptual
exactitude (already present in the Platonic dialogues) as a
condition for the construction of true knowledge, suggesting in
its place a new philosophical attitude, with implications to
school teaching. His reflection about two main uses of our
linguistic expressions (one normative, and the other descriptive)
presupposes different forms of conveying content: sometimes as
instruction of rules, sometimes as an activity that involves
justification, questioning and empirical experimentation.