Este artigo discute as maneiras pelas quais os professores relacionam-se com discursos
que propõem inovações para a docência. Partindo das considerações de Michel de
Certeau acerca das práticas de consumo cultural, questiona-se o caráter “reacionárioâ€
geralmente atribuÃdo à s práticas pedagógicas docentes, em oposição ao teor
“revolucionário†que costuma ser associado aos discursos acadêmico-educacionais.
O tema é discutido a partir de dados reunidos no âmbito de uma investigação etnográfica
que focalizou as práticas de leitura realizadas por professoras no interior de um
programa de formação continuada. Os resultados daquele estudo ressaltam a existência
de especificidades na cultura do magistério que se fazem presentes nas maneiras
pelas quais os professores concebem a docência e a (re)inventam no cotidiano escolar.
A consideração de tais aspectos possibilita identificar certos limites para a atuação da
universidade na inovação das práticas pedagógicas e no movimento atualmente em
curso de profissionalização do magistério. A universidade é desafiada, pois, a criar
novas formas de relacionar-se com os professores e de atuar em seu desenvolvimento
profissional.