Objetiva-se, neste trabalho, problematizar a relação professor-língua estrangeira no cenário educacional. Pretende-se discutir a construção da língua estrangeira como objeto de saber e como essa construção pode influenciar as representações que os professores têm sobre a língua que ensinam e sobre o que seja ensinar e aprender essa língua. O pressuposto é que uma língua, segundo Benveniste e Lacan, seja ela materna ou estrangeira, é, primordialmente, o meio pelo qual alguém pode inscrever-se como sujeito na linguagem. Ocupar a posição de professor implica que uma relação com o objeto de saber seja estabelecida de forma que, mesmo minimamente, seja possível se colocar como mediador entre aquele que demanda o saber e o próprio objeto desse saber. Trata-se de uma relação conflituosa, em que o imaginário sobre a língua estrangeira que os professores ensinam (e, frequentemente, ainda está por ser apr(e)endida) esbarra nas contingências da cena educacional e na relação que é vivenciada com essa língua estranha e/ou alheia. Propõe-se, portanto, pensar como a relação sujeito-língua incide na imagem que os professores fazem de si e como/se eles se veem investidos nessa posição.
This paper aims at questioning the teacher-foreign language rapport in the educational scenario. We intend to discuss foreign language construction as an object of knowledge, and how this construction may influence teachers’ representations of the language they teach, as well as the process of teaching and learning this language. The presupposition is that the mother tongue, as well as the foreign language, constitute, primarily, the means by which someone can be inscribed in the symbolic universe as a subject of language (BENVENISTE, 1966, 1974; LACAN, 1998). Occupying a teacher’s position implies that a rapport with the object of knowledge has been at least minimally established, so that someone can assume the role of a mediator between those who demand the knowledge and the object of this knowledge itself. It is a troublesome relationship, since the imaginary ideas about the foreign language taught by the teachers (and which often haven’t been grasped yet) clashes with the contingence of the educational scene and with the rapport the teachers themselves have toward that language. Therefore, we propose to discuss to what extent the subject-language rapport influences the image teachers have of themselves and if/how they see themselves invested in this position.