O objetivo deste artigo é analisar parte da ofensiva anti-igualitária em Mato Grosso do Sul no que diz respeito a marcadores como gênero, sexualidade, raça/cor/etnia e classe. Para atingir esse objetivo, foram selecionadas duas experiências entendidas como lugar de produção dos sujeitos e, portanto, também das diferenças. São elas: a “prisão” (apreensão) de um quadro em uma exposição da artista Ropre no Museu de Arte Contemporânea de Mato Grosso do Sul (MARCO), por acusação de promoção da pedofilia; e a aprovação da Lei n.º 5.820/2021, que proíbe o uso da linguagem neutra no referido Estado. Elas foram selecionadas por meio da etnografia digital. Essa metodologia possibilitou uma imersão no campo on-line de interações que envolvem essas duas experiências. A perspectiva teórica adotada é a pós-crítica em Educação, a qual permitiu concluir que existem pós-currículos e pós-pedagogias culturais em torno da atuação de diferentes empreendedores morais anti-igualitários. Eles são campos de significação torcidos que também merecem ser analisados sob a ótica da produção das diferenças, em sentidos e intenções políticas anti-igualitárias.
This article seeks to provide a comprehensive analysis of a specific facet of the anti-egalitarian campaign in Mato Grosso do Sul, with a particular focus on key markers such as gender, sexuality, race, ethnicity, and class. To achieve this goal, two pivotal experiences were meticulously examined since they act as both the genesis of subjects and the crucible of distinctions. These experiences encompass the removal and seizure of an artwork by artist Ropre displayed at the Museum of Contemporary Art - MARCO, on allegations of promoting pedophilia, and the enactment of Law No. 5,820/2021, which prohibits the use of neutral language within the state. Employing digital ethnography as our primary research methodology, we delve into the digital interactions and discourse surrounding these two significant events. The theoretical framework presented here adopts a post-critical perspective within the realm of Education, uncovering the presence of post-curricula and post-cultural pedagogies that revolve around the actions of various anti-egalitarian moral entrepreneurs. These pedagogies and curricula represent intricate domains of meaning, warranting in-depth analysis through the lens of difference production, thus elucidating the political connotations and intentions that underlie the anti-egalitarian movement.
El objetivo de este artículo es analizar parte de la ofensiva antiigualitaria en Mato Grosso do Sul en relación con marcadores como género, sexualidad, raza/color/etnia y clase. Para ello, se seleccionaron dos experiencias que se consideran lugares de producción de sujetos y, por lo tanto, de producción de diferencias. Ellas son: la “detención” (incautación) de un cuadro de una exposición del artista Ropre en el Museo de Arte Contemporáneo de Mato Grosso do Sul (MARCO), acusado de promover la pedofilia; y la aprobación de la Ley nº 5.820/2021, que prohíbe el uso del lenguaje neutro en ese estado. Fueron seleccionados mediante etnografía digital. Esta metodología permitió la inmersión en el campo online de las interacciones que involucran estas dos experiencias. La perspectiva teórica adoptada es la educación postcrítica, que nos ha permitido concluir que existen pedagogías postcurriculares y postculturales en torno a las acciones de diferentes emprendedores morales antiigualitarios. Son campos de sentido trenzados que también merecen ser analizados desde la perspectiva de la producción de diferencias, en significados e intenciones políticas antiigualitarias.