O presente artigo toma de empréstimo uma frase de um famoso canal televisivo – “Não é TV. É HBO!” – e a reformula no sentido de mostrar um panorama investigativo que evidencia a emergência de um determinado artefato cultural: as narrativas midiáticas seriadas. O objetivo é o de evidenciar que uma narrativa seriada “Não é TV. Mas é currículo!”, a partir de contribuições das teorizações pós-críticas em intersecção com o campo dos estudos culturais. O argumento é o de que esse currículo tem disponibilizado uma “prática da maratona” que reforça a dimensão biopolítica da constituição de uma “cultura seriadora”, que não se encerra no objeto que aqui investigamos, sendo capaz de se estender a diferentes aspectos das nossas vidas, com diferentes efeitos em nossas composições como sujeitos. Com isso, passamos a significar o currículo das narrativas midiáticas seriadas como um agenciamento biopolítico desterritorializado, isto é, uma combinação de elementos díspares cujas redes constitutivas caracterizam-se fundamentalmente pela total ausência de fronteiras, atravessando um território ilimitado que não pode ser confinado por barreiras inamovíveis. Na produção dessa “cultura seriadora”, atentamos para a regulação da vida social da audiência em um exercício particular de poder, tramando-lhe em uma rede discursiva que tem demandado múltiplas posições de sujeito para comportar o máximo possível de indivíduos. Concluímos que há aqui em jogo uma “narcotização programada da vida”, capaz de provocar o empalidecimento das nossas potências, o congelamento das nossas forças vitais e a proliferação das formas estáticas e estabilizadas a partir de redundâncias subjetivas.
This article borrows a phrase from a famous television channel –“It's not TV. It's HBO!” –and reformulates it to show an investigative panorama that highlights the emergence of a certain cultural artifact: the serial media narratives. The objective is to show that a serial narrative “It is not TV. But its curriculum!”, is based on contributions from post-critical theorizations that intersect with the field of cultural studies. The argument is that this curriculum has provided a “marathon practice” that reinforces the biopolitical dimension of the constitution of a “serial culture”, which is not limited to the object that we investigate here, being able to extend to different aspects of our lives, with different effects on our compositions as subjects. With this, we come to signify the curriculum of serial media narratives as a deterritorialized biopolitical assemblage: a combination of disparate elements whose constitutive networks are fundamentally characterized by the total absence of borders, crossing an unlimited territory that cannot be confined by immovable barriers. In the production of this “serial culture”, we pay attention to the regulation of the audience's social life in a particular exercise of power, weaving it into a discursive network that has demanded multiple subject positions to contain as many individuals as possible. We conclude that there is a “programmed narcotization of life” at stake here, capable of causing the blanching of our powers, the freezing of our vital forces, and the proliferation of static and stabilized forms based on subjective redundancies.
Este artículo toma prestada una frase de un famoso canal de televisión: “No es televisión. ¡Es HBO!”. –y lo reformula para mostrar un panorama investigativo que destaca el surgimiento de cierto artefacto cultural: las narrativas mediáticas seriales. El objetivo es mostrar que una narrativa serial“no es TV. ¡Pero es el currículo!”, a partir de aportes de teorizaciones poscríticas que se entrecruzan con el campo de los estudios culturales. El argumento es que este currículo ha proporcionado una “práctica de maratón” que refuerza la dimensión biopolítica de la constitución de una “cultura serial”, que no se limita al objeto que aquí investigamos, pudiendo extenderse a diferentes aspectos de nuestras vidas, con diferentes efectos en nuestras composiciones como sujetos. Con esto, venimos a significar el currículo de las narrativas mediáticas seriales como un ensamblaje biopolítico desterritorializado, esto es, una combinación de elementos dispares cuyas redes constitutivas se caracterizan fundamentalmente por la ausencia total de fronteras, atravesandoun territorio ilimitado que no puede ser confinado por barreras inamovibles. En la producción de esta “cultura serial” prestamos atención a la regulación de la vida social de la audiencia en un particular ejercicio de poder, entretejiéndola en una red discursiva que ha exigido múltiples posiciones de sujeto para contener la mayor cantidad de individuos posible. Concluimos que aquí está en juego una “narcotización programada de la vida”, capaz de provocar el blanqueo de nuestras potencias, el congelamiento de nuestras fuerzas vitales y la proliferación de formas estáticas y estabilizadas basadas en redundancias subjetivas.