Enfrentar o desafio de conceber currículos de Biologia próprios para a EJA passa por posicionar o educando no centro da ação educativa. Nessa linha, o artigo se move por dois propósitos integrados. Por um lado, o de questionar quem são seus educandos em uma escola específica, seus itinerários escolares e as leituras que constroem acerca da modalidade e da Disciplina Escolar Biologia. Por outro, o de sugerir temáticas e metodologias que ampliem o esforço da área de Educação em Ciências em aprofundar a produção de conhecimento na interface com o campo da EJA. Com base em entrevistas e questionários, analisados a partir das contribuições de Miguel Arroyo e Paulo Freire, o estudo assinala o quanto os educandos reconhecem as potencialidades da Biologia escolar em proporcionar ampliações de suas leituras de mundo, todavia, estas esbarram nos limites que eles apontam existir entre os conhecimentos escolares e suas experiências existenciais. Os educandos também enfatizam a centralidade do papel dos educadores na mediação dos conhecimentos escolares e a importância pedagógica da pergunta para se construir relações entre o vivido e o conteúdo, além de reivindicarem metodologias ativas que superem a abordagem expositiva como uma forma decisiva para o interesse e para a aprendizagem. A questão do trabalho, das juventudes e da negritude são aspectos a serem considerados na formulação dos currículos e nas agendas de pesquisa.
The design of a biology curriculum that is appropriate for adult education is a difficult task that requires positioning the student in the center of the educational process. In this sense, this paper serves two interconnected purposes. First, it intends to find out who the students from a specific school are; their school itineraries and their views towards biology. Second, this article brings up themes and methodologies that join the effort of researchers in the field of Science Education to increase the production of knowledge when it comes to adult education. Based on interviews and questionnaires and analyzed through the contributions of Miguel Arroyo and Paulo Freire, the results show that students are able to recognize the potential of learning biology to enlarge their worldviews, although this is met with the limits that exist between school knowledge and their own existential experiences. Students also emphasize the teacher’s role as a mediator of school knowledge, as well as the importance of raising questions to create relations between their life experiences and the school content. In addition, they demand active methodologies to overcome the expository approach in the classroom. Questions related to work, race and age must be taken into account in the design of school curricula and research schedules.