No CONTEXTO DESTE TRABALHO, "MODERNO" se vincula diretamente ao ideal iluminista cultivado pela cultura européia do século XVIII, sobretudo na França e na Inglaterra, e que se caracterizou pela crença otimista de que a razão e a busca implacável do conhecimento pudessem finalmente conduzir o ser humano às luzes de um desenvolvimento sócio-cultural pleno, emancipando-o das superstições e crenças em forças e entidades não-humanas, associadas ao antigo e ao medieval. Na França, o projeto iluminista se associa, sobretudo, aos chamados filósofos enciclopedistas, entre os quais Diderot, Rousseau, Voltaire, Duclos, Quesnay que, no século XVIII, idealizaram o projeto dos trinta e cinco volumes da Enciclopédia Francesa (1751- 80), numa tentativa de orientar e disseminar o desenvolvimento de um conhecimento supostamente diferenciado do tipo de reflexão que se associava à Antiguidade, ao medievalismo e às diversas teologias e mitologias. Consequentemente, a condição moderna seria precisamente aquela "em que a sociedade deve se legitimar através de princípios gerados dentro dela mesma, sem recurso a verdades externas, divindades, autoridades ou tradições" (ver Mc Gowan, p. 3)2.