Durante a década de 1970 e a efervescência intelectual de mulheres em meio à segunda onda dos feminismos,(1) articulou-se o movimento antiestupro(2) no contexto norte-americano e europeu,(3) que rompeu com as fronteiras público/privado – e com o silenciamento histórico que interditava o assunto –, para trazer o tema do estupro para as esferas do debate público. Para tanto, foi preciso entendê-lo como decorrente e legitimado de/por violências estruturais (e não desvios individuais) e cotidiano na vida de muitas mulheres e crianças, em especial. Com campanhas que estimulavam sobreviventes(4) de estupro a “romper com o silêncio”,(5) as feministas, escutaram diversas experiências de violação das mulheres e lideraram um processo de desconstrução do discurso masculino, cunhando conceitos e categorias e questionando outras já existentes, em um processo contínuo de (re)nomeação (ANDRADE, 2018).