Pacheco e Silva e os menores annormaes. Vestígios da psiquiatria organicista na trajetória de criminalização da infância e da adolescência pobre de São Paulo

Revista Brasileira de Ciências Criminais

Endereço:
Rua Onze de Agosto, 52 - 2º Andar - Centro - Centro
São Paulo / SP
01018-010
Site: http://www.ibccrim.org.br/
Telefone: (11) 3111-1040
ISSN: 14155400
Editor Chefe: Dr. André Nicolitt
Início Publicação: 30/11/1992
Periodicidade: Mensal
Área de Estudo: Ciências Humanas, Área de Estudo: Ciências Sociais Aplicadas, Área de Estudo: Direito, Área de Estudo: Multidisciplinar, Área de Estudo: Multidisciplinar

Pacheco e Silva e os menores annormaes. Vestígios da psiquiatria organicista na trajetória de criminalização da infância e da adolescência pobre de São Paulo

Ano: 2020 | Volume: 166 | Número: Especial
Autores: Ana Paula Cristina Oliveira Freitas
Autor Correspondente: Ana Paula Cristina Oliveira Freitas | [email protected]

Palavras-chave: Menores anormais – Psiquiatrização – São Paulo – Pacheco e Silva.

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

O presente estudo foi elaborado com base em análises qualitativas de bibliografias e de documentos encontrados no Fundo Pacheco e Silva, localizado no Museu Histórico Professor Carlos Silva Lacaz da Faculdade de Medicina da USP. Determinado discurso médico ganhou destaque na década de 1920 com promessas de acabar com os indivíduos taxados como indesejáveis, por meio da segregação em hospícios, em especial o Hospital do Juquery. Após décadas, o mesmo discurso volta para legitimar a criação de uma unidade especialmente construída para a segregação de adolescentes, a Unidade de Saúde Experimental. Esta é a prova, não apenas vestígio, de que a psiquiatria organicista, junto à prática da eugenia, corroboram com a criminalização da adolescência. Analisando as obras do psiquiatra Antonio Carlos Pacheco e Silva, é possível encontrar ideologias criminalísticas que foram unidas ao discurso médico para auxiliar os poderes públicos na higienização de crianças e adolescentes considerados indesejáveis. Atualmente, nota-se que a manutenção da UES e a segregação de adolescentes encontram amparo nesse mesmo discurso, o qual atualiza a ideia de anormalidade, usando o vocábulo periculosidade como disfarce.



Resumo Inglês:

The present study was elaborated based on qualitative analysis of bibliographies and documents found at the Pacheco e Silva Fund, located at the Professor Carlos Silva Lacaz Historical Museum of the USP School of Medicine. It was possible to understand how the medical discourse remained alive in the persecution of the childhood and poor adolescence of São Paulo. Medicine won the city’s stages in the 1920s promising to wipe out those individuals labeled as undesirable, with segregation in hospices, especially at Juquery’s Hospital. After decades the same discourse returns to legitimize the creation of a specially constructed unit for the of adolescents segregation, the Experimental Health Unit, is the proof, not only vestige, that the organicist psychiatry, along with eugenics corroborate with the criminalization of adolescence. Analyzing the works of the psychiatrist Antonio Carlos Pacheco e Silva it is possible to find criminalistic ideologies that were joined to the discourse to help the public authorities to sanitize children and adolescents that from the temptation of the country were unwanted. Currently the same discourse is used to keep the UES active, segregating adolescents based on the idea of their abnormality disguised as dangerous.