Este texto resulta de alguns anos de pesquisas acadêmicas, de estudos e de diálogos em eventos onde a obra de Paulo Freire foram orientadoras das reflexões. Com este artigo procuro estabelecer um diálogo/encontro do tipo antropofágico, entre algumas ideias de Paulo Freire e os pressupostos filosóficos e epistemológicos da Antropofagia Cultural Brasileira (ACB) pós-Semana de Arte Moderna de 1922. Meu principal objetivo é refletir sobre uma educação que tenha como ponto de partida o desejo de atendimento das necessidades contemporâneas da sociedade brasileira e pensar uma educação que contemple a diversidade das culturas que formam aquilo que Darcy Ribeiro denominou em seu livro clássico O povo brasileiro – a formação e o sentido do Brasil - de gentes brasilis. Ao trazer Paulo Freire para o contexto filosófico da ACB faço uma homenagem a sua trajetória de vida. Freire fez o que raros pensadores brasileiros jamais fizeram: criou sua própria filosofia educacional a partir de um diálogo devorativo. Aqui reside o caráter antropofágico e intercultural da obra freireana, ontem e hoje.
This text results of years of academic researches, of studies and dialogues in events where Paulo Freire’s work was a guideline for the reflections. With this article I intend to establish a dialogue/encounter of the anthropophagic kind, between some of Paulo Freire’s ideas and philosophical and epistemological assumptions of the Cultural Brazilian Anthropophagy (ACB) post-Modern Art Week of 1922. My main goal is to reflect about an education that has as a starting point the desire of treatment of the contemporary needs of the Brazilian society and to think an education that includes the diversity of cultures that form what Darcy Ribeiro called in his classic book The Brazilian people – the formation and meaning of Brazil – of gentes brasilis. When bringing Paulo Freire to the philosophical context of ACB I make a tribute to his life trajectory. Freire did what many rare Brazilian intellectuals never did: created his own educational philosophy from a devouring dialogue. Here lies the anthropophagical and intercultural character of Freire’s work, yesterday and today.