O pensamento crítico (PC) é um objetivo almejado pela área de Educação em Ciências no século XXI. Todavia, o PC aparece muitas vezes como um criticismo cosmético ou sem um aprofundamento das questões analisadas. Neste artigo mobilizamos referenciais capazes de dar visibilidade a componentes do PC em desenvolvimento nas interações em aulas de ciências. Baseados na Etnografia em Educação, acompanhamos as aulas de ciências de uma turma no 8º e 9º ano do Ensino Fundamental e selecionamos interações discursivas para análise do PC durante um debate sobre uma questão controversa. Contextos instrucionais vivenciados na turma se tornaram recursos para que os estudantes pudessem se posicionar, compreendendo a relevância de se usar e avaliar evidências científicas e de outros domínios, além do papel colaborativo na construção de posicionamentos democráticos. Esses resultados se alinham a caminhos que têm sido pensados pela área de Educação em Ciências para uma era de pós-verdade.