Em termos mais amplos, a tradução pode ser considerada uma atividade cotidiana, que envolve todos os recursos de que um sujeito dispõe para interagir com o mundo que o cerca. Nesse sentido, tanto as adequações lingüísticas e as performances da vida diária quanto os mais sofisticados sistemas de produção artística e intelectual estão igualmente submetidos a processos tradutórios. Contudo, embora a tradução se realize a partir de uma intencionalidade comunicativa cuja meta é a construção de sentido, tal objetivo é frustrado com freqüência já que, sendo potencialmente infinita, essa dinâmica é responsável pela mutação de si mesma e das condições em que se realiza. Instalada no interior dos processos comunicativos e acionando trocas, remissões, equívocos, silêncios e esquecimentos, a tradução também pode ser compreendida como uma atividade freqüentemente submetida a novas modelações. Nesse caso, qualquer discurso encontra-se em freqüente interação com outros discursos, seja no âmbito de diálogos efetivamente realizados entre sujeitos, ou no espaço dos monólogos.