Este artigo tem por objetivo discutir a trajetória que leva da inserção do cotidiano como foco de pesquisa às problematizações recentes sobre lugar e território. São abordados três momentos distintos de reflexão acerca do cotidiano, trabalhados como “viradas” conceituais com implicações metodológicas. Iniciamos abordando sucintamente a “virada para o mundo vivido” nas décadas de 1960-1980. A seguir, apontamos para uma segunda virada que provém de discussões na geografia e na teoria social sobre “lugar” e, mais tarde, sobre “território”, nas suas vertentes de “território vivido” e território de vivência”. Propomos que estamos vivenciando uma terceira virada, que tem por foco redes heterogêneas e cadeias de associações entre humanos e não humanos, decorrentes de aproximações com a Teoria Ator Rede e com a discussão atual na geografia a respeito de multiterritorialidades. Finalizamos comentando a importância de se repensarem as posturas de investigação quando localizamos a pesquisa no cotidiano.
This paper discusses the path taken by social research on everyday life from its initial adoption to the more recent problematization of place and territory. Three moments are discussed in which concern with everyday research seems to “turn” conceptually and also methodologically. It begins by briefly remembering the first turn to the “lived in world” in the decades from 1960- 1980. It follows with a second turn, stimulated by discussions in geography and social theory about place and, later, territory, especially in relation to the territories of everyday living. It goes on to argue that there is currently a third turn in progress, which has as its focus the everyday seen as heterogeneous networks and associations between humans and non-humans, that result both from the arguments of Actor Network Theory and proposals in geography about multi-territoriality. The paper finishes by discussing the importance of rethinking approaches to investigations when research is carried out in/on everyday life.