Que relações podem ser estabelecidas entre o vivido e o lembrado? Que desafios as
práticas da escrita de si trazem para a formação? Proponho uma interlocução com
trabalhos que venho orientando em que autor/as produzem reflexões que remetem a
um modo de relacionarem-se consigo mesmos, enquanto sujeitos do conhecimento
do objeto pesquisado, e revelam-se em uma escrita pautada nas mudanças de
pensamento. Aporto-me na valorização da narrativa como forma artesanal de
comunicação, vinculada à substância viva da existência, que é a experiência; na
experiência da escrita literária, razão de ser da própria existência; na experiência
como o que nos acontece. Referir-se à experiência vivida é relatar a caminhada da
pesquisa, a construção do objeto, caminhos teórico-metodológicos, as considerações.
Referir-se ao lembrado é transitar (dançar?) pelo que escapa às formalizações, cada
relato é único, próprio, coisa que penetra, contamina, deixa marcas e provoca abertura
para quem lê; são relatos do lembrado que vem pela memória e materializa-se em
fragmentos materiais deixados por quem pratica uma escrita de si. A relação entre a
experiência vivida e o lembrado abre pistas para pensar a formação.