PRODUÇÃO ACADÊMICA: Troca simbólica e desenvolvimento cognitivo em crianças surdas: uma proposta de intervenção educacional.

Revista Espaço

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ISSN: 25256203
Editor Chefe: Wilma Favorito
Início Publicação: 31/12/1989
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: Educação, Área de Estudo: Letras, Área de Estudo: Linguística, Área de Estudo: Multidisciplinar

PRODUÇÃO ACADÊMICA: Troca simbólica e desenvolvimento cognitivo em crianças surdas: uma proposta de intervenção educacional.

Ano: 2003 | Volume: Especial | Número: 20
Autores: Rosimar Bortolini Poker
Autor Correspondente: Rosimar Bortolini Poker | [email protected]

Palavras-chave: Educação de Surdos

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Em pesquisa anterior de mestrado, foi constatado que os surdos apresentavam atraso cognitivo no que diz respeito à organização representativa do mundo, independentemente dos métodos de ensino que haviam sido empregados na sua educação ( oral ou gestual). Com este diagnóstico, foi aventada naquela ocasião a hipótese de que o atraso dos surdos seria decorrente dos problemas relacionados com as trocas simbólicas. Com a pretensão de reforçar essa hipótese explicativa e encontrar meios de alterar tal situação de atraso, realizou-se a pesquisa que ora se apresenta, em que se criou e desenvolveu uma estratégia de interveção para a educação dos surdos. Para tanto, foi necessário retomar a análise sobre como os métodos de ensino de surdos inter-pretam o problema do atraso cognitivo, e a partir daí procedeu-se a uma investigação histórica, na qual foram apresentadas explica-ções de diferentes autores em dif e-rentes épocas sobre o atraso, acres-cidos de estudos baseados na pers-pectiva teórica piagetiana abordando o tema. Em seguida, procurou-se analisar o processo de construção do conhecimento dentro da teoria piagetiana, compreendendo como a inteligência representativa se constitui, e qual o papel da linguagem nesse processo. O estudo teórico permitiu compreender que não é a falta da linguagem em si que produz o atraso cognitivo, mas a limitação do surdo em realizar trocas simbólicas com seu meio, provocado pela inexistência de um instrumento simbólico e de um ambiente adequado, capaz de solicitá-lo a exercitar sua capacidade representativa. Possibilitou entender, também, que as trocas simbólicas se constituíram no elemento im-prescindível para o desenvolvimen-to da representação por permitirem ao sujeito a interação efetiva com o meio, dando-lhe condições de apre-ender as solicitações, levando-os a evoluir cognitivamente. Para a realização da pesquisa empírica, foram organizados, aleatoriamente, dois grupos de sujeitos (um de con-trole e outro que participou da in-tervenção). Esses sujeitos foram avaliados antes e após a intervenção, através de provas operatórias e atividades que avaliaram a capacidade de reconstrução do real. Na intervenção se enfatizou o desenvolvimento do pensamento atra-vés do exercício das trocas simbólicas, solicitando aos sujeitos a reconstituição, a organização e a narração de fatos e acontecimentos numa seqüência lógica temporal, espacial e causal. Depois de 75 encontros realizados no período de dezesseis meses, os resultados da avaliação final indicaram que os sujeitos que participaram do grupo de intervenção, diferentemente do grupo de controle, evoluíram significativamente na capacidade de organização representativa do mundo e na organização das estruturas cognitivas lógico-matemáticas. Os dados obtidos na pesquisa confirmam a hipótese inicial e serviram para a construção de uma proposta de educação para surdos, que pode permitir a superação da situação de atraso cognitivo dos envolvidos. Os resultados permitem defender a idéia de que uma estratégia de intervenção pedagógica adequada precisa con-siderar a especificidade do conhecimento. Caso a escola e os educadores compreendam esses aspectos, terão condições não só de identificar as necessidades específicas de seus alunos, mas também de elaborar estratégias pedagógicas que venham promover condições de desenvolvimento pleno de suas atividades cognitivas.