O presente artigo surge a partir de um projeto proposto junto aos/às discentes do curso de Licenciatura em Matemática da Universidade Federal do Paraná (UFPR), que à época cursavam, no período noturno, uma disciplina sobre Matemática no Ensino Fundamental. O projeto tinha como motivação um vendedor de rua e seu objetivo era perceber a matemática, mais especificamente a álgebra escolar, onde outras pessoas não percebiam. Embasado nas produções e reflexões deste projeto, o presente artigo tem como objetivo identificar sentidos que são produzidos sobre trabalhar na rua. Para tanto, o corpus de análise serão as entrevistas realizadas com dois homens negros que trabalham na rua e a entrevista com uma das alunas da disciplina. Teoricamente, nos vinculamos aos estudos críticos, com inspiração decolonial. Para a análise dos discursos oriundos das entrevistas, nos filiamos à Análise de Discurso sob a perspectiva de Eni Orlandi, a fim de responder a questão-problema: que sentidos são produzidos sobre trabalhar na rua? A análise resultou em três sentidos sobre trabalhar na rua a partir das entrevistas realizadas com os trabalhadores e um sentido sobre a matemática a partir da entrevista realizada com a estudante do curso de Matemática. Os sentidos observados apontam para o trabalho na rua como uma oportunidade de sonhar frente à expulsão escolar, como um risco a ser corrido devido à desvalorização do mercado de trabalho formal e ainda como um estigma; já o sentido atribuído à matemática refere-se ao seu distanciamento da vivência social.
This article arises from a project proposed among students of the Mathematics Degree course at the Federal University of Paraná (UFPR), who at the time were studying, at night, a subject on Mathematics in Elementary School. The project was motivated by a street vendor and his objective was to understand mathematics, more specifically school algebra, where other people did not understand. Based on the productions and reflections of this project, this article aims to identify meanings that are produced about working on the streets. To this end, the corpus of analysis will be the interviews carried out with two black men who work on the street and the interview with one of the students of the subject. Theoretically, we are linked to critical studies, with decolonial inspiration. To analyze the speeches arising from the interviews, we used Discourse Analysis from the perspective of Eni Orlandi, in order to answer the problem question: what meanings are produced about working on the streets? The analysis resulted in three meanings about working on the street from the interviews carried out with the workers and a meaning about mathematics from the interview carried out with the Mathematics course student. The meanings observed point to working on the street as an opportunity to dream in the face of school expulsion, as a risk to be taken due to the devaluation of the formal job market and also as a stigma; The meaning attributed to mathematics refers to its distance from social experience.
Este artículo surge de un proyecto propuesto entre estudiantes de la Licenciatura en Matemáticas de la Universidad Federal de Paraná (UFPR), que en ese momento cursaban, en horario nocturno, una asignatura de Matemáticas en la Escuela Primaria. El proyecto fue motivado por un vendedor ambulante y su objetivo era entender las matemáticas, más concretamente el álgebra escolar, donde otras personas no entendían. A partir de las producciones y reflexiones de este proyecto, este artículo tiene como objetivo identificar significados que se producen sobre el trabajo en la calle. Para ello, el corpus de análisis serán las entrevistas realizadas a dos hombres negros que trabajan en la calle y la entrevista a uno de los estudiantes de la asignatura. Teóricamente estamos vinculados a estudios críticos, de inspiración decolonial. Para analizar los discursos surgidos de las entrevistas, utilizamos el Análisis del Discurso desde la perspectiva de Eni Orlandi, con el fin de responder a la pregunta problema: ¿qué significados se producen sobre el trabajo en la calle? El análisis resultó en tres significados sobre el trabajo en la calle a partir de las entrevistas realizadas a los trabajadores y un significado sobre las matemáticas a partir de la entrevista realizada al estudiante de la carrera de Matemáticas. Los significados observados apuntan al trabajo en la calle como una oportunidad para soñar ante la expulsión escolar, como un riesgo a asumir por la devaluación del mercado laboral formal y también como un estigma; El significado atribuido a las matemáticas hace referencia a su alejamiento de la experiencia social.
Cet article est né d'un projet proposé parmi les étudiants du cours de Licence de Mathématiques de l'Université Fédérale du Paraná (UFPR), qui à l'époque étudiaient, le soir, une matière de Mathématiques à l'école primaire. Le projet était motivé par un vendeur ambulant et son objectif était de comprendre les mathématiques, plus précisément l'algèbre scolaire, là où d'autres personnes ne comprenaient pas. À partir des productions et des réflexions de ce projet, cet article vise à identifier les significations produites par le travail dans la rue. A cet effet, le corpus d'analyse sera les entretiens réalisés avec deux hommes noirs qui travaillent dans la rue et l'entretien avec l'un des étudiants du sujet. Théoriquement, nous sommes liés à des études critiques, d’inspiration décoloniale. Pour analyser les discours issus des entretiens, nous avons utilisé l'analyse du discours du point de vue d'Eni Orlandi, afin de répondre à la question problématique : quels sens sont produits par le travail dans la rue ? L'analyse a abouti à trois significations sur le travail de rue à partir des entretiens réalisés avec les travailleurs et à une signification sur les mathématiques à partir de l'entretien réalisé avec l'étudiant du cours de Mathématiques. Les significations observées pointent vers le travail de rue comme une opportunité de rêver face à l'expulsion scolaire, comme un risque à prendre en raison de la dévalorisation du marché du travail formel et aussi comme une stigmatisation ; Le sens attribué aux mathématiques renvoie à leur distance par rapport à l’expérience sociale.