A rápida construção do Referencial Curricular Gaúcho para o Ensino Médio tornou saliente muitos dos contrassensos presentes nas políticas educacionais no Brasil. Neste trabalho discutimos alguns destes contrassensos a partir de um triplo olhar: sobre a participação da academia no contexto de produção, sobre a área de Ciências da Natureza no Ensino Médio e sobre as questões étnico-raciais presentes (ou não) nesta mesma área. Nossa análise mostra uma limitada participação da academia decorrente da forma enrijecida de construção do Referencial Curricular Gaúcho, desenvolvido a partir da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Esta forma enrijecida resultou em um tratamento superficial dos conhecimentos a serem trabalhados nas Ciências da Natureza justificado inadequadamente por uma abordagem interdisciplinar. Resultou também em um afastamento das políticas educacionais em voga até 2015, um reducionismo do direito à educação e uma total falta de discussões étnico-raciais na área de ciências. São resultados que trazem preocupação ao não considerar as complexas relações existentes entre os agentes participativos do sistema educacional brasileiro e gaúcho, o que poderá trazer prejuízos futuros à Educação Científica.