Certa vez uma aluna surda me disse,em sinais,que odiava História.“Detesto ler, decorar História”.Depois de um ano inteiro juntas, buscando História através da pesquisa,o conhecimento da His-tória,sempre considerando os interesses da turma,essa mesma aluna sinalizou que: “A História subiu no meu conceito e agora é bom estudar História”.O que é necessário mudar na relação professor-aluno para que o ensino da História seja interessante e desperte a curiosidade científica de nossos alunos?Carlos Sanches descreve o papel da escola para o surdo:“A escola deve dar à criança surda tudo aquilo que ela não pode encontrar em um entorno familiar e social com ouvintes,em termos de compartir socialmente a linguagem,a informação,as interações,atividades comunitárias, apoio, solidariedade, responsabilidade e verbalização de afetos, sentimentos e valores entre tantas outras coisas.”A escola não é o lugar do conhecimento enquanto dominação,mas ao contrário, é o espaço onde se constrói uma relação de interação.Neste eixo de pensamento, a aprendizagem, segundo Moita Lopes,envolve três tipos de conhecimento:o sistêmico,o conhecimento de mundo e a organização de textos.O sistêmico refere-se à organização linguística do sujeito, o conhecimento do mundo,às experiências deste sujeito e a organização de texto à forma como este indivíduo organiza suas produções, assim estes tipos de conhecimento são utilizados no momento do aprendizado de diferentes formas por cada aprendiz,enfatizando-se a importância das negociações e interações entre aprendentes e aprendizes no processo de ensino-aprendizagem. Segundo Vigotsky é através do trabalho e das relações sociais que o homem constrói a linguagem, o pensamento e a cultura.Baseada no estudo dos aspectos relacionados ao processo en-sino-aprendizagem e na relação entre sujeito e objeto de conhecimento referente à visão sócio-interacionista, a História precisa ser,antes de tudo,vivenciada pelos alunos através de experiên-cias cotidianas.É a partir desses encontros e confrontos que o aluno elabora e reelabora o conhecimento dessas vivências percebendo-se como sujeito da História. A História e a Política se con-fundem com a prática social e são construídas e reconstruídas por diferentes pessoas com diferentes interesses sociais.É preciso compreender a totalidade na diversidade, compre-endendo projetos dos diversos grupos sociais, no tempo e no espaço, e os mecanismos que levam à vitória de alguns,em detrimento de outros. Para tal é preciso romper com a noção de tempo linear, estabelecendo um diálogo com o pas-sado,num ir e vir,em espaço e tempos diferentes. Romper com a factualidade e a cronologia os livros didáticos,impostas por datas e personagens históricos. Partir do presente,da experiência.Privilegiar a apreensão da realidade em todas as suas dimensões. No estudo da história é preciso ter como eixo temático o trabalho, o fazer humano em todos os tempos e espaços. Relato de uma experiência de trabalho com uma turma de 5 sé-rie,constituída de jovens e adultos do curso noturno do Instituto Nacional de Educação de Surdos — INES.