O presente artigo examina as relações entre dois movimentos educacionais que visaram reformar o ensino de Ciências em nÃvel secundário nos Estados Unidos e no Brasil na década de 1960. O estudo apoia-se em referenciais do campo do currÃculo, em especial, na história das disciplinas escolares. Mobilizando esses referenciais, analisa-se o manual pedagógico de auxÃlio ao professor de Biologia (Biology Teachers’s Handbook), produzido em 1963 no âmbito de um dos projetos de reforma do currÃculo das escolas secundárias norte-americanas, e o Biological Sciences Curriculum Study (BSCS), que é traduzido e adaptado no contexto do movimento de renovação do ensino de ciências no Brasil neste perÃodo. A despeito das distinções entre a reforma norteamericana, da influência que exerce no ensino de Ciências brasileiro, e, sobretudo, da hegemonia exercida sobre o Brasil, argumenta-se em favor de bases epistemológicas comuns que sustentam o ideário reformista nesses paÃses. Sob a liderança de Jerome Bruner e Joseph Schwab e com o protagonismo de eminentes cientistas, esta reforma anuncia uma ruptura das ideias escolanovistas de Dewey. Entretanto, a análise do manual sugere que esse ideário é ressignificado sem abandonar completamente suas bases.