Relações entre política e religião na defesa de uma educação "neutra"

Revista da FAEEBA - Educação e Contemporaneidade

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ISSN: 2358-0194
Editor Chefe: Emanuel do Rosário Santos Nonato
Início Publicação: 09/02/2021
Periodicidade: Trimestral
Área de Estudo: Ciências Humanas, Área de Estudo: Ciências Sociais Aplicadas

Relações entre política e religião na defesa de uma educação "neutra"

Ano: 2020 | Volume: 29 | Número: 58
Autores: MOTTIN, Karina Veiga.
Autor Correspondente: MOTTIN, Karina Veiga. | [email protected]

Palavras-chave: Religião. Política. Ideologia de gênero. Movimento Escola Sem Partido.

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

A luta encampada contra a chamada “ideologia de gênero”, impulsionada principalmente após as discussões e aprovações dos Planos de Educação em 2014 e 2015, é uma das facetas do Movimento Escola Sem Partido (MESP) e é central para a militância conservadora cristã no Brasil. Para contribuir com este debate, este artigo pretende discutir as relações entre política e religião no caso da batalha contra a palavra “gênero” no Plano Estadual de Educação do Paraná. Na primeira parte, discuto a laicidade do Estado, refletindo sobre este conceito à luz dos estudos do sociólogo Antônio Flávio Pierucci e das(os) antropólogas(os) Paula Montero e Emerson Giumbelli. Na segunda parte, analiso o uso de argumentos jurídicos para defender pautas religiosas, focando especificamente no caso da discussão do Plano Estadual de Educação do Paraná. Por fim, problematizo a ausência da palavra “gênero” neste documento como parte de uma cruzada contra as pautas que envolvem esse campo de estudos.



Resumo Inglês:

The struggle against the so-called “gender ideology”, driven mainly after the discussions and approvals of the Education Plans in 2014 and 2015, is one of the facets of the “Escola Sem Partido” Movement (MESP) and is central to the conservative Christian militancy in Brazil. To contribute to this debate, this article aims to discuss the relationship between politics and religion in the case of the battle against the word “gender” in the Paraná State Education Plan. First, I discuss the secularity of the State, reflecting on this concept in the light of the studies of the sociologist Antônio Flávio Pierucci and the anthropologists Paula Montero and Emerson Giumbelli. In the second part, I analyze the use of legal 

arguments to defend religious agendas, focusing specifically on the case of the discussion of the Paraná State Education Plan. Finally, I question the absence of the word “gender” in this document as part of a crusade against the guidelines that involve this field of study.Keywords: Religion. Politics. Gender ideology. Escola Sem Partido Movement.RESUMENRELACIONES ENTRE POLÍTICA Y RELIGION EN DEFENSA DE UNA EDUCACIÓN “NEUTRA”La lucha contra la llamada “ideología de género”, impulsada después de las discusiones y aprobaciones de los Planes de Educación en 2014 y 2015, es una de las facetas del Movimiento Escola Sem Partido (MESP) y es esencial para la militancia cristiana conservadora en Brasil. Para contribuir a este debate, este artículo tiene como objetivo discutir la relación entre política y religión en el caso de la lucha contra la palabra “género” en el Plan de Educación del Estado de Paraná. Primero, discuto la secularidad del Estado, reflexionando sobre este concepto a la luz de los estudios del sociólogo Antônio Pierucci y de los antropólogos Paula Montero y Emerson Giumbelli. En segunda, analizo el uso de argumentos legales para defender las agendas religiosas, centrándome en el caso de la discusión del Plan de Educación del Estado de Paraná. Por fin, cuestiono la ausencia de la palabra “género” en este documento como parte de una cruzada contra las pautas que involucran este campo de estudios.Palabras clave: Religion. Politica. Ideología de género. Escola Sem Partido Movimiento.IntroduçãoA defesa de uma educação “neutra”, sem “ideologia” ou “doutrinação”, é pauta defen-dida não apenas por adeptos do Movimento Escola Sem Partido (MESP), mas também por políticas(os)1 atuantes no Congresso Nacional, nas Assembleias Legislativas e nas Câmaras Municipais espalhadas pelo país. Nem sempre essas/esses sujeitas(os) declaram-se apoiado-res do projeto do MESP, mas certamente suas ações de alguma forma reverberam o discurso defendido por este movimento. A luta contra a chamada “ideologia de gênero” é uma dessas facetas. Desde a sua criação, em 2004, o obje-tivo principal do MESP sempre foi o combate 1 Com relação à flexão de gênero dos substantivos, optei pelo uso do feminino antecedendo o masculino, como forma de evidenciar e quebrar a tendência em generificar no masculino.à “doutrinação marxista” nas escolas, mas ao encampar a batalha contra o “gênero”, este mo-vimento ganhou maior visibilidade no cenário nacional (MIGUEL, 2016). Neste artigo, as aná-lises serão voltadas para a contenção da pauta de gênero, no contexto da aprovação do Plano Estadual de Educação do Paraná. Mais especifi-camente, pretende-se discutir as relações entre política e religião, tendo como ponto de partida a atuação de parlamentares cristãs(ãos) que procuram assumir um discurso de neutralidade ao defender suas convicções nos debates que antecederam a aprovação desse documento. Após calorosos debates que acabaram por retirar toda e qualquer menção à palavra “gê-nero” do Plano Nacional de Educação em 2014, no ano seguinte, Estados e Municípios de todo o país, em sua maioria, também retiraram tal



Resumo Espanhol:

La lucha contra la llamada “ideología de género”, impulsada después de las discusiones y aprobaciones de los Planes de Educación en 2014 y 2015, es una de las facetas del Movimiento Escola Sem Partido (MESP) y es esencial para la militancia cristiana conservadora en Brasil. Para contribuir a este debate, este artículo tiene como objetivo discutir la relación entre política y religión en el caso de la lucha contra la palabra “género” en el Plan de Educación del Estado de Paraná. Primero, discuto la secularidad del Estado, reflexionando sobre este concepto a la luz de los estudios del sociólogo Antônio Pierucci y de los antropólogos Paula Montero y Emerson Giumbelli. En segunda, analizo el uso de argumentos legales para defender las agendas religiosas, centrándome en el caso de la discusión del Plan de Educación del Estado de Paraná. Por fin, cuestiono la ausencia de la palabra “género” en este documento como parte de una cruzada contra las pautas que involucran este campo de estudios.