O artigo analisa formas gerencialistas de reorganização do Estado e suas
repercussões para a educação, em especial para a gestão, o currÃculo e o trabalho
docente. Como forma de organização da gestão pública, o gerencialismo segue
critérios da produtividade, orientação para o cliente, modelos descentralizados,
eficiência dos serviços, introdução de mecanismos de mercado na administração
pública e programas de responsabilização – accountability – e avaliação, além das
parcerias público-privado e do quase-mercado. A lógica neoliberal e gerencialista
interpela os sujeitos, as escolas, os professores e as professoras, no sentido de uma
subjetivação que conduz a comportamentos de aceitação e que são muito
produtivos para um desempenho das polÃticas educativas, no sentido de atender ao
modelo mercadológico e gerencial das polÃticas, tanto nos aspectos da gestão, do
currÃculo e das práticas escolares. É a performatividade operando cotidianamente
nas escolas, tanto para o currÃculo, para a gestão e para o trabalho docente. O texto
busca demonstrar que há repercussões sobre o processo de trabalho escolar e
docente, com profundas mudanças na gestão escolar, na organização do trabalho,
com significativos efeitos de precarização das condições de trabalho e de
intensificação. O controle e a regulação, com base nas parcerias público-privadas,
introduzem um volume de novos requisitos para o professorado, que passa a se
sentir responsabilizado e culpado pelo seu desempenho. O artigo conclui que muitos
indicadores mostram que essas soluções, extremamente onerosas para o Estado,
têm sido pouco efetivas para a melhoria da qualidade do ensino.