Este artigo discute as conexões entre a ditadura empresarial-militar, o milagre econômico e as questões socioambientais entre 1971 e 1980 na cidade do Rio Grande/RS. Como em outras cidades do Brasil, tal modelo urbano industrial expansionista, em voga no período ditatorial, potencializou uma fórmula exploratório do meio-ambiente na região sul do Rio Grande do Sul, solidificando-a como uma típica “zona de sacrifício ambiental” ou, como denunciado por ambientalistas do período, um “paraíso de poluição”. Para tanto, através de revisão da literatura e de fontes, buscou-se analisar a totalidade dos fenômenos sociais, trazendo à luz o caráter de classe desta articulação e os atores sociais, nacionais e locais, envolvidos nas políticas econômicas postas em prática. Conclui-se que a ditadura deixou para a cidade um duplo legado: aprofundamento da desigualdade social a partir de remoções e expulsões de comunidades periféricas; e contaminação e poluição oriunda deste modelo de uso e ocupação predatória do meio-ambiente.