O artigo analisa o lugar comumente ocupado pela vítima nos debates científicos sobre segurança pública, conjugando estudos das ciências criminais e da teoria social. Problematiza-se como a vítima e os movimentos de vítimas são instrumentalizados pelo discurso político de “lei e ordem”, ensejando a dessubjetivação das pessoas concretamente afetadas pelo delito. Na sequência, o trabalho busca apontar alternativas de interpretação acerca do papel que esses atores sociais poderiam desempenhar no campo da segurança pública, se considerados como sujeitos empíricos e moralmente relevantes. Recorrendo à revisão sistemática de literatura como principal estratégia de análise, espera-se que o artigo contribua com novas perspectivas para a inclusão da vítima em temas de segurança pública na condição de sujeito reconhecido.
The paper analyzes the position commonly occupied by the victim in scientific debates on public security, combining research from criminal sciences and social theory. It problematizes how victims and victims’ movements are instrumentalized by law-and-order political discourses, giving rise to the desubjectivation of those concretely affected by crime. Afterwards, it indicates alternative interpretations on the role such social actors could play, if regarded as empirical and morally relevant subjects. Recurring to systematic literature review as the main research strategy, the paper is expected to contribute with new perspectives regarding the victim’s inclusion in public security matters as a recognized subject.